Pergunta

O que significa o fato de o cabelo comprido da mulher ser a sua glória (1 Coríntios 11:15)?

Resposta
A igreja em Corinto estava enfrentando problemas de desunião e desordem em suas reuniões públicas. Em 1 Coríntios 11, o apóstolo Paulo se concentra no comportamento apropriado e glorificador de Deus de homens e mulheres na adoração comunitária. Ele reconhece algumas das diferenças entre homens e mulheres, que devem ser consideradas se a adoração deles for para honrar a Deus e mostrar a Sua ordem divina de autoridade na igreja (versículos 2-16). Na época de Paulo, um costume social que distinguia os homens das mulheres era o comprimento do cabelo: "Ou a própria natureza não lhes ensina que é desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em lugar de véu" (1 Coríntios 11:14-15).

Primeiro, Paulo estabelece um argumento teológico baseado na criação. Ele ressalta que Adão foi criado primeiro, e a mulher foi feita da carne dele, indicando o projeto divino de Deus para que os homens exerçam a liderança espiritual no lar e no corpo da igreja local sob a autoridade de Jesus Cristo (1 Coríntios 11:3; veja também 1 Timóteo 2:13). É fundamental observar que essa liderança não implica superioridade dos homens sobre as mulheres na família ou na igreja. As mulheres são iguais aos homens aos olhos de Deus (Gênesis 1:27; ver também Gênesis 2:20-24; 5:2; Gálatas 3:28), mas são diferentes e têm papéis únicos e interdependentes no padrão de relacionamento de Deus dentro do lar e da igreja (ver 1 Coríntios 11:11; Gálatas 3:28).

Em seguida, ao apontar para os costumes relacionados ao uso de coberturas na cabeça e ao comprimento do cabelo, Paulo inclui um apelo cultural em seu argumento teológico. Na sociedade greco-romana do primeiro século, as mulheres respeitáveis usavam cabelos compridos e cobriam a cabeça com um manto em público. As prostitutas e outras mulheres promíscuas saíam em público com a cabeça descoberta. Assim, usar uma cobertura para a cabeça significava a pureza e a submissão da mulher à autoridade do marido.

Nos tempos do Novo Testamento, uma mulher que desonrasse o seu marido cometendo adultério poderia ter seu cabelo raspado, conforme prescrito pela lei romana. Não cobrir a cabeça da mulher com cabelos longos ou um xale era considerado vergonhoso. Pode-se até dizer que o cabelo comprido era "motivo de orgulho" (1 Coríntios 11:15). Quando ela usava cabelos longos e cobria a cabeça com um véu durante a adoração, demonstrava honra e respeito ao marido e reverência a Deus. Uma mulher que não usasse o véu durante o culto também poderia ser uma distração sexual para os homens na igreja. Esse comportamento traria desonra ao marido e a Deus.

Paulo enfatiza a importância de homens e mulheres expressarem suas diferenças masculinas e femininas únicas. Não deve haver vergonha em abraçar e enfatizar nossas diferenças como homens e mulheres, pois isso traz honra e glória a Deus e mostra o padrão divino de autoridade no corpo de Cristo. Ao usarem um véu e deixarem seus cabelos crescerem, as mulheres de Corinto mostraram aos humanos e aos anjos a gloriosa verdade de que, em Cristo, ser mulher é uma distinção que honra a Deus (ver 1 Coríntios 11:10).

O propósito da adoração é glorificar a Deus. Para os coríntios, "os cabelos da mulher são a sua glória" significava que eles demonstravam o valor e a beleza de sua feminilidade (ver Cantares de Salomão 7:5), pois traziam glória a Deus na igreja. Hoje em dia, as mulheres expressam a sua feminilidade distinta, o respeito por seus maridos e a reverência a Deus de maneiras diferentes, mas ainda dentro das normas e dos costumes culturais e religiosos da sociedade contemporânea. Até certo ponto, os penteados e as roupas ainda fazem parte dessa expressão.

Homens e mulheres cristãos devem ter o cuidado de manter uma comunidade de adoração que não desonre a Deus ou a igreja por meio de práticas inaceitáveis e vergonhosas. A igreja é o farol de Deus para um mundo quebrantado e decaído. Nunca devemos permitir que a nossa liberdade em Cristo traga críticas e desonra à igreja ou impeça a divulgação da mensagem do evangelho. Tudo o que fazemos - especialmente nossa adoração pública - deve trazer glória a Deus (1 Coríntios 10:31).