Pergunta

O que significa o fato de José ter sido um homem justo (Mateus 1:19)?

Resposta
Mateus 1:19 retrata José, o pai terreno de Jesus, como um homem justo. A passagem diz: "O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, a sua mãe, estava comprometida para casar com José. Mas, antes de se unirem, ela se achou grávida pelo Espírito Santo. José, com quem Maria estava para casar, sendo um homem justo e não querendo envergonhá-la em público, resolveu deixá-la sem que ninguém soubesse" (Mateus 1:18-19).

A palavra grega traduzida como "justo" significa retidão moral. A mesma palavra aparece várias vezes no Novo Testamento, principalmente na carta aos Romanos. Mateus caracteriza José como um homem de princípios, um homem justo que obedecia à lei e procurava viver de acordo com os caminhos de Deus. José se assemelhava a Cornélio, o centurião devoto que temia a Deus (Atos 10:1-2).

O fato de José ser "um homem justo" não significa que ele tinha uma bondade inerente que produziu a salvação ou lhe rendeu o favor de Deus. Muitos santos do Antigo Testamento foram reconhecidos por sua retidão moral, mas é errôneo supor que a sua retidão moral foi o que os salvou. A salvação sempre foi pela graça por meio da fé, não pelas obras (Gálatas 2:16; Efésios 2:8-9; Romanos 3:20-24). Paulo enfatiza essa verdade, usando Abraão como exemplo: "Pois o que diz a Escritura? Ela diz: 'Abraão creu em Deus, e isso lhe foi atribuído para justiça'" (Romanos 4:3; cf. Gênesis 15:6). A única diferença entre a fé dos santos do Antigo Testamento e a nossa fé hoje é o conteúdo da promessa na qual a nossa fé está ancorada.

Vamos explorar alguns exemplos:

- Adão, após a queda, acreditou na promessa de Deus em Gênesis 3:15 sobre a semente de Eva esmagar a serpente. Como prova, ele chamou a sua esposa de "Eva", "a mãe de todos os viventes" (versículo 20).

- Noé, o único que reverenciava a Deus em sua época, acreditava que Deus protegeria a ele e sua família na arca (Gênesis 6:13-22; Hebreus 11:7).

- Abraão acreditou na promessa de Deus de lhe dar descendentes e uma grande nação (Gênesis 12:1-3; 15:5-6).

- Davi acreditou na promessa de Deus de que seu descendente sempre permaneceria no trono (2 Samuel 7:12-16).

E quanto a José, no Novo Testamento, como ele foi salvo pela graça por meio da fé? Primeiro, como qualquer outro judeu devoto, ele provavelmente antecipou a vinda do Messias, conforme predito pelos profetas. Sua fé também ficou evidente ao aceitar a mensagem que um anjo transmitiu sobre Maria e Jesus: "Enquanto ele refletia sobre isso, eis que lhe apareceu em sonho um anjo do Senhor, dizendo:

— José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e você porá nele o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles" (Mateus 1:20-21). Essa foi uma proclamação do evangelho, pois as promessas de Deus aos santos anteriores prenunciavam as boas novas.

Vale a pena observar que a retidão moral de José foi demonstrada em seu respeito por Maria. Os noivados naquela época eram formais e sérios, ultrapassando a nossa norma de namoro e cortejo. Esses acordos envolviam famílias e compromissos obrigatórios (www.biblicalarchaeology.org/daily/biblical-topics/new-testament/mary-and-joseph-in-the-bible/). A gravidez fora do casamento, durante o período do noivado, era vergonhosa, e qualquer marido abandonado poderia expor a mulher à vergonha. José, no entanto, escolheu honrar Maria resolvendo discretamente a questão e redigindo uma carta de divórcio em particular. Podemos aprender aqui uma lição valiosa sobre como tratar as pessoas, mesmo aquelas que nos magoam.

Concluindo, o reconhecimento de José como um homem justo decorreu de sua retidão moral, e ele também demonstrou ser justo perante Deus quando acreditou na mensagem do anjo.