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Pergunta

Qual era a precisão do teste de virgindade mencionado em Deuteronômio 22?

Resposta


Parte da Lei do Antigo Testamento tratava da questão de um marido que acusava sua nova esposa de não ser virgem quando se casou com ela. Se essa acusação fosse feita, "então, o pai da moça e sua mãe tomarão as provas da virgindade da moça e as levarão aos anciãos da cidade, à porta. O pai da moça dirá aos anciãos: Dei minha filha por mulher a este homem; porém ele a aborreceu; e eis que lhe atribuiu atos vergonhosos, dizendo: Não achei virgem a tua filha; todavia, eis aqui as provas da virgindade de minha filha. E estenderão a roupa dela diante dos anciãos da cidade" (Deuteronômio 22:15-17). Se a prova da virgindade da noiva fosse dada, o marido que fez a falsa acusação era punido e multado (versículos 18-19); entretanto, se nenhuma prova fosse encontrada e a acusação fosse verdadeira, então a noiva não virtuosa era apedrejada até a morte (versículos 20-21).

O "pano" usado como prova da virgindade de uma noiva era o material que continha o sangue do hímen rompido da noiva. Essa prova era coletada na noite de núpcias por outras pessoas e guardada pelos pais da noiva. A pergunta que temos diante de nós é: quão confiável era essa prova? E se a nova noiva não tivesse sangrado durante a relação sexual inicial? E se o hímen tivesse se rompido anteriormente, devido a uma atividade física não sexual?

Para interpretar e entender corretamente uma situação bíblica, é imperativo que a situação seja avaliada em seu contexto textual, cultural e histórico - devemos considerar as normas culturais e as condições sociais em que uma determinada situação foi abordada. O significado primário e mais aplicável de qualquer passagem é o significado pretendido para os leitores originais; todos os outros significados, interpretações e aplicações são secundários a esse significado primário e nunca podem contradizer, negar ou anular esse significado primário. Com isso em mente, devemos avaliar o "teste de virgindade" de Deuteronômio 22 em seu devido contexto.

Vamos primeiro analisar esse "teste de virgindade" em seu contexto textual:

Vemos imediatamente em Deuteronômio 22:13-14 que é possível que a acusação feita contra a mulher seja simplesmente uma invenção. O marido "não gosta" de sua noiva e, insatisfeito com ela por algum motivo, usa o pretexto de sua suposta falta de virgindade para difamá-la e puni-la. O que a Lei de Moisés fez foi estender a proteção às mulheres que eram falsamente acusadas de infidelidade. Se houvesse provas de sua virgindade na noite de núpcias, a mulher não poderia ser punida.

Além disso, a mesma lei impunha uma penalidade ao marido por mentir. A lei deixava claro que, se a "prova de virgindade" estivesse presente, o marido também enfrentaria uma penalidade severa (Deuteronômio 22:18-19). Seria tolice da parte dele fazer uma alegação tão séria e presumir que a prova da virgindade dela não seria apresentada. A prudência ditaria que ele tivesse em mãos algo mais tangível e universalmente aceitável para fundamentar suas alegações e não se basear em mera acusação.

Com isso em mente, observe que há dois requisitos que devem ser atendidos para que a mulher seja punida: "Porém, se isso for verdade, ou seja, se ficar provado que a moça não era virgem" (Deuteronômio 22:20, grifo nosso). Primeiro, a acusação deve ser verdadeira; segundo, não deve haver prova da virgindade da mulher. A primeira parte indica que deve ser realizada uma investigação e a alegação deve ser provada; essa investigação é então complementada pela falta de provas exculpatórias. Só então a mulher é considerada culpada. Portanto, podemos supor que o julgamento final não foi inteiramente baseado na presença ou ausência de provas. A evidência física, sem dúvida, teve uma influência importante no caso, mas era improvável que o "teste de virgindade" do tecido fosse o único meio de estabelecer a culpa ou a inocência da mulher.

Agora vamos analisar o "teste de virgindade" em um contexto social e histórico:

Muitas vezes erramos na compreensão de situações bíblicas porque as analisamos sob a perspectiva das normas culturais e sociais modernas. Precisamos nos lembrar de que a Lei foi dada aos israelitas logo após eles terem saído da escravidão no Egito. A instrução de Deuteronômio 22 foi dada ao povo de Israel, uma comunidade conservadora e fechada, há cerca de 3.500 anos. Naquele período e naquelas condições, que atividades as moças israelitas poderiam ter praticado que romperiam seus hímens? Não havia esportes, passeios a cavalo ou outras atividades que às vezes resultam em rompimento do hímen. No Egito, as moças ficavam confinadas principalmente em seus alojamentos de escravas. Em sua viagem para Canaã, elas ficavam perto de seus acampamentos e realizavam as tarefas domésticas - mais uma vez sem muita chance de atividades muito extenuantes. Portanto, o teste de virgindade prescrito pela Lei teria sido consideravelmente mais preciso do que poderíamos esperar, considerando as normas atuais.

Sem instalações médicas, sem ginecologistas, sem pesquisas sobre a virgindade e sem margem de manobra social ou familiar para permitir a promiscuidade sexual, os israelitas tinham que confiar no teste mencionado na Lei. É claro que essa "prova de virgindade" não era infalível, mas naquelas circunstâncias, para aquela época e cultura, não havia nenhum método prontamente disponível para confirmar a virgindade, exceto o lençol da cama na primeira noite da noiva. Como já discutido, a falta dessa evidência não era incriminatória por si só. Qualquer acusação de impropriedade contra a noiva teria de ser totalmente investigada antes que um veredicto final pudesse ser pronunciado.

Não eram comuns os casos de maridos que suspeitavam de imoralidade ou infidelidade de suas novas noivas. Não há registro de que alguma mulher tenha sido apedrejada até a morte com base nessa lei, muito menos de qualquer mulher que tenha sido executada injustamente devido ao rompimento do hímen antes do sexo com o marido.

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