Pergunta
É pecado recusar um tratamento médico?
Resposta
A Bíblia nunca diz que é pecado recusar tratamento médico. Entretanto, devemos examinar cuidadosamente nossas crenças em relação ao tratamento médico à luz do que a Bíblia tem a dizer.
Em primeiro lugar, devemos identificar e rejeitar os falsos ensinamentos relacionados ao tratamento médico. Os defensores do evangelho da saúde e da riqueza ensinam que Deus quer que todos sejam saudáveis e que a saúde depende de internalizar a Palavra de Deus e ter fé suficiente para afastar ou curar uma doença. Da mesma forma, os proponentes do movimento do Novo Pensamento enfatizam excessivamente a cura por meio do pensamento positivo e da fé. Esses ensinamentos são antibíblicos principalmente porque instilam a ideia de que os cristãos podem se curar por meio de suas próprias obras se internalizarem suficientemente a Palavra de Deus, pensarem nas coisas certas ou tiverem fé suficiente. Na realidade, a Bíblia não diz que nossa saúde depende do nosso nível de espiritualidade; tampouco diz que estamos sem fé - e, portanto, pecando - se procurarmos ajuda médica.
Algumas pessoas nos círculos cristãos recusam tratamento médico com base nessas duas ideias errôneas: 1) o uso de tratamentos médicos é uma tentativa pecaminosa de desafiar o julgamento justo de Deus sobre a humanidade e 2) se uma pessoa recusar o tratamento com base em convicção pessoal, ela é mais piedosa do que alguém que opta por receber tratamento médico.
Ao considerar a primeira crença, lembramos o seguinte:
- Jesus curou muitas pessoas doentes e enfermas durante o Seu ministério; como Jesus só fez o que era bom, receber alívio da dor física é uma coisa boa (Mateus 15:29-39).
- Paulo receitou vinho a Timóteo para sua doença estomacal, o que indica que o tratamento medicinal de doenças deve ser incentivado (1 Timóteo 5:23).
- Os cristãos são instruídos a "honrar" (não abusar ou negligenciar) seus corpos (1 Coríntios 6:19-20); se um tratamento médico puder ser feito para honrar o corpo de uma pessoa, é digno de consideração.
- Lucas, que escreveu mais da metade do Novo Testamento, era médico (Colossenses 4:14), e não há razão para pensar que sua prática médica fosse pecaminosa.
Ao considerar a segunda crença falsa, ressaltamos que aqueles que "se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos... não são sábios" (2 Coríntios 10:12). Considerar a própria convicção pessoal como mais justa do que a de outra pessoa está enraizado no orgulho. Uma mãe que se recusa a tomar remédios para aliviar a dor durante o parto não é, de forma alguma, mais justa do que a mulher que toma os remédios. Geralmente é uma questão de convicção pessoal ou de adequação médica.
Quando se trata de cuidados no final da vida, algumas pessoas optam por recusar o tratamento médico antecipadamente por meio da elaboração de um testamento vital. É verdade que, em alguns casos, a recusa de determinados medicamentos, tratamentos ou medidas para prolongar a vida pode ser do interesse do paciente. Se os detalhes do tratamento no final da vida tiverem sido discutidos previamente, a família do paciente estará isenta de muita responsabilidade moral.
Os pacientes terminais são outro grupo que às vezes recusa o tratamento médico. Quando lhes é dada a opção de dois anos de quimioterapia ou seis meses de tempo livre de drogas com a família, muitos pacientes com câncer optam por renunciar ao tratamento em favor de mais tempo de qualidade com seus entes queridos. Essa é uma questão de convicção pessoal, e a decisão requer oração e deliberação.
Em situações não especificamente abordadas na Bíblia, os cristãos devem formar as suas próprias convicções pessoais conforme a orientação do Espírito Santo (Romanos 14:22). Pode haver razões boas e honrosas para recusar um tratamento médico, assim como pode haver razões boas e honrosas para aceitá-lo. Não devemos tomar decisões médicas com base no medo (2 Timóteo 1:7), em crenças errôneas (2 Timóteo 4:3-5) ou mesmo em leis criadas pelo homem (Marcos 7:8). Em vez disso, devemos buscar a ajuda e a orientação do Senhor com oração e ação de graças (Salmo 143; Filipenses 4:6-7), esforçando-nos para glorificar a Deus em todas as nossas decisões relacionadas à saúde (1 Coríntios 10:31).
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