Pergunta
O que são as presas do cão no Salmo 22:20?
Resposta
O Salmo 22 é um salmo messiânico no qual o rei Davi sofre grande dor e angústia como um tipo de Cristo. Ele clama a Deus por ajuda, assim como Jesus clamaria mais tarde na cruz (ver Salmo 22:1, citado em Mateus 27:46 e Marcos 15:34). Assim como Cristo, que suplicou ao Pai que O resgatasse da morte (Hebreus 5:7), Davi implora a Deus que o salve de seus inimigos: "Livra a minha alma da espada, e, das presas do cão, a minha vida" (Salmo 22:20).
Hoje em dia, na maior parte do mundo, os cães são vistos como animais de estimação amados. Mas, na antiguidade, os cães eram principalmente animais selvagens e carniceiros considerados impuros em Israel. Em algumas passagens, os cães eram usados para guardar casas e pastorear rebanhos (Isaías 56:10; Jó 30:1), mas, mais frequentemente, os cães eram criaturas selvagens que perambulavam pelas ruas devorando lixo e cadáveres (1 Reis 14:11; 16:4; 21:19, 23; 22:38).
Os inimigos de uma pessoa eram identificados como "cães" nas Escrituras (Salmo 59:6). Em Jeremias 15:3, o Senhor designou quatro tipos de destruidores: "Porque os punirei com quatro tipos de castigo, diz o Senhor: com espada para matar, com cães para os arrastar e com as aves dos céus e os animais selvagens para os devorar e destruir." O apóstolo Paulo advertiu os crentes a tomarem cuidado com os falsos apóstolos, chamando-os de cães: "Cuidado com os cães! Cuidado com os maus obreiros! Cuidado com a falsa circuncisão!" (Filipenses 3:2). Aqueles que foram excluídos do reino dos céus foram chamados de cães em Apocalipse 22:15: "Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira."
No Salmo 22, Davi se refere a seus inimigos como "touros" ou "bois selvagens" (versículos 12 e 21), "leões" (versículos 13 e 21) e "cães" (versículos 16 e 20). Essas são metáforas e não animais literais. No versículo 16, ele relata: "Cães me cercam; um bando de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés."
O poder do cão fala da capacidade da criatura de cercar a sua presa como uma matilha de lobos, de morder, rasgar, infligir feridas, fazer o mal e destruir. Tanto a espada quanto o cão podem matar. Quando Davi orou a Deus para que livrasse sua alma "da espada" e sua "preciosa vida das presas do cão", ele temia perder a vida de forma cruel e violenta.
A terminologia presas do cão também pode invocar o poder do Império Romano no retrato profético do Salmo 22 sobre o sofrimento e a morte de Cristo. Foram os soldados romanos que executaram a crucificação de Cristo, cercando Jesus, tirando as Suas roupas, pregando-O na cruz e até mesmo apostando em Suas roupas (Mateus 27:35; Marcos 15:24; Lucas 23:34; João 19:24; cf. Salmo 22:18). Cão era o termo depreciativo dos judeus para os gentios (Mateus 7:6; 15:26; Apocalipse 22:15). Os romanos, o sumo conselho judaico e o próprio Satanás se uniram para levar Jesus à morte.
Na maioria das vezes, os cães são apresentados na Bíblia de forma ofensiva (1 Samuel 17:43; 2 Samuel 16:9; 2 Reis 8:13; Provérbios 26:11). Eles simbolizam pessoas desprezíveis, hostis ou más que se agrupam como cães para atacar os vulneráveis. Nosso grande inimigo, o diabo, age como um cão ou um leão, rondando em busca de alguém para devorar (1 Pedro 5:8). Portanto, o poder do cão é a influência letal dos inimigos que se unem para causar danos, ferimentos ou morte.
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O que são as presas do cão no Salmo 22:20?
