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Pergunta

Qual é o significado das parábolas da ovelha perdida e da moeda perdida?

Resposta


As parábolas da ovelha perdida e da moeda perdida (Lucas 15:3-10) são as duas primeiras de uma série de três. A terceira é a do "filho perdido" ou do "filho pródigo". Assim como em outros casos, Jesus ensinou essas parábolas em um conjunto de três para enfatizar Seu ponto de vista. Para entender adequadamente a mensagem dessas parábolas, precisamos reconhecer exatamente o que é uma parábola e por que ela é usada.

O que é uma parábola?

Em um nível básico, uma parábola é uma história curta criada para transmitir um conceito a ser compreendido e/ou um princípio a ser colocado em prática. Isso, no entanto, nos diz mais sobre a intenção de uma parábola do que sobre o que ela realmente é. A palavra "parábola" em grego significa literalmente "colocar ao lado", como na palavra potuguesa "comparação" ou "semelhança". Na cultura judaica, as coisas eram explicadas não em termos de estatísticas ou definições, como acontece nas culturas de língua portuguesa. Na cultura judaica dos tempos bíblicos, as coisas eram explicadas em imagens de palavras.

Por que Jesus usava parábolas?

As figuras de palavras não chamam a atenção para aspectos técnicos (como a lei judaica), mas para atitudes, conceitos e características. Jesus estava falando uma linguagem que todos os judeus podiam entender, mas com ênfase nas atitudes, e não nas aparências externas nas quais os fariseus se concentravam (João 7:24). As parábolas também têm um impacto emocional que as torna mais significativas e memoráveis para as pessoas de coração mole. Ao mesmo tempo, as parábolas de Jesus muitas vezes permaneciam um mistério para as pessoas de coração endurecido, porque as parábolas exigem que os ouvintes sejam autocríticos e se coloquem no lugar apropriado na história. O resultado era que os fariseus "Ouvindo, ouvireis, e nunca entendereis; e, vendo, vereis, e jamais percebereis" (Isaías 6:9; Salmo 78:2; Mateus 13:35).

Ao usar parábolas, o ensino de Jesus permanece atemporal, apesar da maioria das mudanças na cultura, no tempo e na tecnologia. Por exemplo, essas duas parábolas transmitem conceitos comumente compreendidos como graça, gentileza, preocupação, orgulho e outros, todos os quais podemos entender, embora a história tenha mais de dois mil anos. Na cultura judaica, os traços de caráter são frequentemente descritos em relação a objetos que são universalmente reconhecidos, como a regularidade do sol ou a natureza refrescante da chuva (Oséias 6:3). Isso também explica por que a poesia é o modo mais comum de linguagem usado na Bíblia. No caso específico das parábolas, os elementos mencionados nelas são geralmente representações de outra coisa, assim como em uma alegoria. Entretanto, a ênfase excessiva em um detalhe específico de uma parábola tende a levar a erros de interpretação. Repetições, padrões ou mudanças geralmente nos ajudam a identificar quando devemos nos concentrar em um determinado detalhe.

Por que Jesus ensinou essas parábolas

Vamos dar uma olhada nos detalhes específicos dessas parábolas. A situação em que Jesus está falando pode ser vista em Lucas 15:1-2. "Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se dele para o ouvir. Mas os fariseus e os escribas o criticavam, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles." Observe que os fariseus não reclamaram do fato de Jesus estar ensinando os pecadores. Como os fariseus se consideravam justos mestres da lei e todos os outros iníquos, não podiam condenar Sua pregação aos "pecadores", mas achavam que era inconsistente com a dignidade de alguém tão conhecedor das Escrituras "comer com eles". A pressuposição por trás da declaração dos fariseus, "este homem recebe os pecadores", é o que Jesus aborda em todas as três parábolas.

Para entender o significado da declaração de abertura do capítulo 15, devemos considerar que a cultura judaica é uma sociedade orientada pela vergonha/honra, que usava a vergonha/honra de uma forma que desenvolveu uma espécie de sistema de castas. Praticamente tudo o que é feito na cultura judaica traz vergonha ou honra. A principal motivação para o que e como as coisas são feitas se baseia em buscar a honra para si mesmo e evitar a vergonha. Essa era a preocupação central e que consumia toda a interação judaica.

Na primeira parábola, Jesus convida Seus ouvintes a se colocarem na história com: "Suponha que um de vocês tenha cem ovelhas". Ao fazer isso, Jesus está apelando para o raciocínio intuitivo e as experiências de vida deles. No final da história, os fariseus, em seu orgulho, recusam-se a se ver como "pecadores" vergonhosos, mas aceitam avidamente o rótulo honroso de "justos". Entretanto, pela implicação de seu próprio orgulho, eles se colocam na posição de serem o grupo menos significativo dos noventa e nove: "Digo-vos que no céu haverá mais alegria por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento." Pode haver um pouco de sarcasmo na referência aos fariseus "que não precisam de arrependimento" (ver Romanos 3:23).

Na parábola da "moeda perdida", as dez moedas de prata se referem a uma peça de joalheria com dez moedas de prata, usada pelas noivas. Esse era o equivalente a uma aliança de casamento nos tempos modernos.

Após um exame cuidadoso das parábolas, podemos ver que Jesus estava virando de cabeça para baixo o entendimento que Seus ouvintes tinham das coisas. Os fariseus se viam como os amados de Deus e os "pecadores" como refugos. Jesus usa os preconceitos dos fariseus contra eles, enquanto encoraja os pecadores com uma mensagem clara. Essa mensagem é a seguinte: Deus tem uma preocupação terna e pessoal ("E quando a encontra, coloca-a sobre os ombros", v. 5). Deus tem um amor alegre por indivíduos que estão perdidos (em pecado) e são encontrados (arrependidos). Jesus deixa claro que os fariseus, que pensavam estar perto de Deus, na verdade estavam distantes e que aqueles pecadores e cobradores de impostos eram os que Deus estava buscando. Vemos essa mesma mensagem em 18:9-14. Lá, Jesus está ensinando sobre atitudes de oração, mas o problema que ele está abordando é o mesmo do capítulo 15. Em 18:14, Jesus nos dá a conclusão: "Digo-vos que este desceu justificado para casa, e não o outro; pois todo o que se exaltar será humilhado; mas o que se humilhar será exaltado."

Padrões de progressão nas parábolas

Ao identificar coisas em comum nas parábolas, podemos obter contexto para nos ajudar a entender o significado de elementos sutis da história. Como diz o velho ditado: "O contexto adequado cobre uma infinidade de erros de interpretação". 1) A progressão do valor: na primeira parábola, uma ovelha é perdida, depois uma moeda de prata na seguinte, seguida por um filho na terceira. Como mencionado anteriormente, parte do poder dessas parábolas para atingir o público vem do aspecto vergonha/honra de sua cultura. Perder uma ovelha como pastor seria algo muito vergonhoso, uma moeda de uma joia de noiva perdida em sua própria casa seria ainda mais vergonhoso, seguido pelo filho perdido, que era o pior de todos na cultura judaica. 2) A progressão pessoal de buscar apenas 1 de 100 ovelhas, depois 1 de 10 moedas, depois 1 de 2 filhos. Isso mostra o escopo da preocupação pessoal de Deus com os indivíduos e teria sido de grande conforto para os "pecadores" que Jesus estava ensinando. 3) Uma mudança no tempo verbal em cada parábola com relação à alegria pelo que foi encontrado, do tempo verbal futuro para o presente e depois para o tempo verbal passado: "haverá mais alegria" para "há alegria" e, finalmente, "tinha de haver". Isso pode ter comunicado a certeza da aceitação de Deus para com aqueles que se arrependem. 4) A progressão das referências terrenas ao que a coisa estava perdida (uma referência sutil ao pecado). A ovelha se perdeu em campos abertos, a moeda se perdeu na sujeira que foi varrida, e o filho estava na lama de um chiqueiro antes de cair em si. 5) O poder relacional de cada parábola: Homens pobres e meninos jovens teriam se relacionado melhor com o pastor e a ovelha perdida. As mulheres teriam se relacionado melhor com a moeda perdida da noiva. A última parábola tratou de todos os presentes, abordando o relacionamento de pai e filho.

Padrões de consistência nas parábolas

1) O personagem principal possui algo valioso e não quer perdê-lo.

2) O personagem principal se alegra ao encontrar o objeto perdido, mas não se alegra sozinho.

3) O personagem principal (Deus) expressa cuidado ao procurar ou lidar com o que foi perdido.

4) Cada coisa perdida tem um valor pessoal, não apenas um valor monetário: os pastores cuidam de suas ovelhas, as mulheres valorizam suas joias de noiva e um pai ama seu filho.

A propósito, essa primeira ilustração do pastor carregando as ovelhas nos ombros foi a figura original usada para identificar os cristãos antes de as pessoas começarem a identificar o cristianismo com cruzes. Nessas parábolas, Jesus pinta com palavras um belo quadro da graça de Deus em Seu desejo de ver o perdido voltar para Ele. Os homens buscam a honra e evitam a vergonha; Deus busca glorificar a Si mesmo por meio de nós, Suas ovelhas, Seus filhos e filhas. Apesar de ter outras noventa e nove ovelhas, apesar da rebelião pecaminosa de Sua ovelha perdida, Deus a recebe de volta com alegria, assim como faz quando nos arrependemos e voltamos para Ele.

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