Pergunta
O que significa o fato de que o Verbo estava no princípio (João 1:1)?
Resposta
João 1:1 diz: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". O Evangelho de João começa de forma muito parecida com Gênesis, o "livro dos começos". O relato da criação em Gênesis começa com a frase No princípio (Gênesis 1:1), que é traduzida da palavra hebraica bereshit. Na Septuaginta (o Antigo Testamento grego), que compartilha o mesmo idioma do Evangelho de João, as palavras usadas em Gênesis 1:1a são idênticas às de João 1:1a: en arche, ou "no princípio".
"No princípio era o Verbo" (João 1:1). Para o público que estava recebendo o evangelho, as intenções de João com essa declaração seriam claras - "o Verbo" está ligado ao Deus de Israel, o Criador de todas as coisas. João explica melhor essa ideia dois versículos depois, em João 1:3: "Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez". A "Palavra" é o único meio pelo qual a realidade encontra a sua existência - Ele é o Criador de todas as coisas e, sem Ele, nenhuma coisa criada existiria. Antes que qualquer coisa fosse criada, "a Palavra" existia.
"O Verbo" é usado no primeiro capítulo de João quatro vezes. O contexto de cada ocorrência é usado para
- descrever a eternidade do "Verbo" (1:1a)
- descrever a distinção entre "o Verbo" e Deus (1:1b)
- descrever a identidade do "Verbo" como Deus (1:1c)
- identificar a pessoa descrita pela frase "o Verbo" (1:14)
Jesus Cristo é "a Palavra" que estava no princípio (veja João 1:14-18). "Palavra" vem do termo grego logos. Logos teria sido um conceito familiar tanto para os judeus (Salmo 33:6) quanto para os gregos. Os judeus entendiam que a palavra de Deus apontava para os atos criativos e comunicativos de seu Deus pessoal. Os filósofos gregos utilizavam o conceito para identificar a razão, o pensamento ou a mente da autoridade divina, pois as palavras eram utilizadas para explicar o pensamento de quem as usava. Para ambos os grupos em potencial que recebiam os escritos de João, a ênfase no objeto por trás da "Palavra" era clara.
É interessante notar que João utiliza o Logos no primeiro versículo de seu prólogo (João 1:1-18) enquanto o explica no último versículo do prólogo. Da mesma forma que Paulo explica Jesus como revelador (Hebreus 1:1-3; Colossenses 1:15-20), João mostra que Jesus é a revelação completa de Deus quando afirma: "Ele [Jesus] O revelou [o Pai]" (João 1:18).
"A Palavra" também encontra conexão com a palavra hebraica dabar, que significa "palavra, matéria, palavra de Deus". Essa palavra hebraica, em conexão com o nome de Deus, Yahweh, aparece 261 vezes no Antigo Testamento hebraico e é traduzida mais comumente como "a palavra do Senhor". O uso repetido da frase estabelece uma conexão fundamental entre Deus e a Sua interação pessoal com a Sua criação. Não apenas tudo foi criado por meio do uso de palavras (Gênesis 1:3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26), mas Deus continua a interagir com essa criação por meio do uso de palavras (2 Timóteo 3:16-17) e da Palavra (João 14:6).
A declaração "No princípio era o Verbo" engloba a eternidade do Verbo, o poder criador do Verbo e a natureza reveladora do Verbo. Mais tarde, quando João define a Palavra como sendo Jesus (João 1:14-18), o propósito do Evangelho de João fica claro: "para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em seu nome" (João 20:31). Jesus é o Criador eterno revelador e real - o objeto da fé do cristão. Ele não é simplesmente uma representação de Deus, mas é Deus, e sempre foi assim: "No princípio era o Verbo". Os capítulos restantes do Evangelho de João se esforçam para mostrar que essa afirmação é verdadeira.
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