Pergunta
Por que se diz aos pais: "Não irriteis os seus filhos" (Colossenses 3:21)?
Resposta
Em Colossenses 3:18-21, o apóstolo Paulo resumiu suas instruções sobre a vida familiar cristã em quatro diretrizes concisas: "Esposas, que cada uma de vocês se sujeite a seu próprio marido, como convém no Senhor. Maridos, que cada um de vocês ame a sua esposa e não a trate com amargura. Filhos, em tudo obedeçam a seus pais, pois fazer isso é agradável diante do Senhor. Pais, não irritem os seus filhos, para que eles não fiquem desanimados".
A palavra "irritar" no idioma grego original significa "provocar ou despertar sentimentos como raiva, mágoa, vergonha e medo até o ponto de exasperação". A imagem é a de um disciplinador autoritário que constantemente corrige e repreende um filho por cada pequeno erro ou percepção de erro. Um pai assim provocará seus filhos.
A palavra grega traduzida como "desanimado" é encontrada somente aqui no Novo Testamento. Ela fala de ficar desanimado ou "perder o ânimo". De acordo com A Handbook on Paul's Letters to the Colossians and to Philemon (Manual sobre as Cartas de Paulo aos Colossenses e a Filemom), uma criança desanimada fecha o coração e se esconde dentro de si mesma. "A criança sente que nunca conseguirá fazer nada certo e, por isso, desiste de tentar" (Bratcher, R., & Nida, E., United Bible Societies, 1993, p. 94).
O termo pai em Colossenses 3:21 fala diretamente do genitor masculino. É claro que a regra de não provocar os filhos deve abranger tanto o pai quanto a mãe, mas Paulo nos lembra que o pai tem a responsabilidade fundamental de ser o chefe da família.
"O pai cristão não deve corrigir demais nem importunar seus filhos, caso contrário eles ficarão desanimados, o que se refere a 'uma resignação apática e taciturna - um espírito quebrantado'. Ficar desanimado quando criança significa pensar coisas como: Nunca vou acertar, ou Ele só critica, ou Ele nunca vai me amar. Conta-se que John Newton disse: 'Sei que meu pai me amava, mas ele não parecia querer que eu visse isso'. Os pais cristãos devem ter certeza de que seus filhos estão tão seguros de seu amor quanto de sua autoridade" (Anders, M., Galatians-Colossians, Vol. 8, Broadman & Holman Publishers, 1999, p. 333).
Sim, os filhos são chamados a honrar e obedecer a seus pais (Êxodo 20:12; Efésios 6:1-2, Colossenses 3:20), mas os pais não devem abusar de sua autoridade. Eles devem tratar seus filhos com dignidade, respeito, paciência e amor. Os pais são chamados a incentivar seus filhos. Eles fazem isso ensinando a cada filho os princípios da Palavra de Deus e promovendo a afirmação da vida e a criatividade positiva na criança, estimulando-a a ter confiança em sua singularidade dada por Deus e a acreditar que ela pode fazer o que, de outra forma, talvez nunca conseguisse.
Críticas intermináveis, negligência emocional e física e disciplina excessivamente severa derrotam o espírito da criança. Um comentarista escreve: "A irritação constante produz uma situação em que as crianças ficam desanimadas, seja porque não conseguem agradar àqueles que amam ou porque sentem que não têm valor para ninguém" (Melick, R., Filipenses, Colossenses, Filemom, Vol. 32, Broadman & Holman Publishers, 1991, p. 315). Esse tipo de provocação não vem de Deus e esmagará o coração de uma criança a ponto de ela se tornar medrosa, tímida e retraída. Ela crescerá desanimada, sem a confiança necessária para ter sucesso e acreditar que pode ser tudo o que Deus a criou para ser.
Em um ensinamento sobre relacionamentos familiares para a igreja de Éfeso, Paulo exortou os pais: "E vocês, pais, não provoquem os seus filhos à ira, mas tratem de criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor" (Efésios 6:4). A linguagem sugere um ambiente positivo, estimulante e cheio de fé, onde os filhos verão o compromisso genuíno do pai com o Senhor.
Os pais e mães, e especialmente os pais, desempenham um papel fundamental na representação de Deus para seus filhos. Assim como "o Senhor disciplina aqueles a quem ama" (Hebreus 12:6, NLT), mães e pais devem disciplinar seus filhos, mas tendo o amor como motivação principal, para que "mais tarde, produza fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça" (Hebreus 12:11).
Crescer em um lar cristão deve ser uma experiência positiva, edificante e que constrói alicerces, na qual os pais "ensinam a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele" (Provérbios 22:6). Os filhos precisam ver o amor e o caráter de Deus modelados na vida de seus pais. Essa modelagem tornará mais fácil viver de acordo com a máxima: "Meu filho, ouça o ensino de seu pa e não despreze a instrução de sua mãe. Porque serão um diadema de graça para a sua cabeça e colares para o seu pescoço" (Provérbios 1:8-9).
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Por que se diz aos pais: "Não irriteis os seus filhos" (Colossenses 3:21)?