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Pergunta

Federalismo vs. seminalismo - qual visão é a correta?

Resposta


Federalismo e seminalismo são duas teorias relacionadas ao pecado original e como o pecado de Adão acaba afetando o restante da raça humana. Nenhum dos termos é usado nas Escrituras, mas foram cunhados para tentar explicar os dados bíblicos.

O federalismo vê Adão como o chefe representativo de toda a humanidade. Quando Adão pecou, ele pecou não apenas por si mesmo, mas como representante (chefe federal) de toda a humanidade. Sua decisão foi obrigatória para todas as pessoas de todos os tempos. Da mesma forma, os líderes de um governo podem firmar acordos com outras nações, e esses acordos são obrigatórios para todos os cidadãos, mesmo que eles não tenham participado diretamente do acordo e possam até mesmo não estar cientes dele. Adão pecou, tornando a si mesmo e a todos que ele representava pecadores. A culpa de Adão (não apenas sua natureza pecaminosa) é imputada a todos os seres humanos.

O seminalismo vê o pecado de Adão como algo que corrompeu a natureza humana que ele transmitiu à sua posteridade, já que toda a raça humana estava geneticamente presente em Adão. A culpa de Adão não é transmitida a seus filhos, mas suas tendências pecaminosas sim. Seus filhos, com sua natureza corrompida, prontamente se unem à rebelião de Adão na primeira oportunidade disponível e, portanto, são culpados de seu próprio pecado.

Tanto o federalismo quanto o seminalismo se enquadram na ortodoxia cristã. Ambos os pontos de vista afirmam as doutrinas bíblicas do pecado original e da depravação total. Ambos os lados concordam plenamente que, fora de Cristo, as pessoas estão mortas em pecado (Efésios 2:1).

Os seminalistas geralmente recorrem a Hebreus 7:4-10 para obter apoio. O autor de Hebreus usa um incidente na vida de Abraão para explicar que o sacerdócio de Melquisedeque é maior do que o de Levi porque Levi pagou o dízimo a Melquisedeque. Como Levi poderia ter pago o dízimo a Melquisedeque, se Levi ainda nem era nascido? A resposta, de acordo com Hebreus, é que, "quando Melquisedeque se encontrou com Abraão, Levi ainda estava no corpo de seu antepassado [Abraão]" (versículo 10). Ou seja, quando Abraão pagou o dízimo a Melquisedeque, era como se Levi também estivesse pagando o dízimo, porque Levi estava "geneticamente presente" em Abraão. Isso parece ser paralelo ao seminalismo, que diz que toda a raça humana estava "geneticamente presente" em Adão na época de seu pecado. O problema de tirar uma conclusão teológica sobre o seminalismo a partir de Hebreus 7 é que o autor diz claramente, no versículo 9, que o pagamento de dízimos de Levi era apenas uma maneira de falar. O escritor está usando uma analogia que teria sido compreendida por seus leitores judeus para enfatizar um ponto específico. Quando cooptamos essa analogia para defender outros pontos, corremos o risco de nos desviar do caminho certo. A questão é emocional e retórica, e não biológica. Em última análise, Hebreus 7:4-10 não aborda nem o seminalismo nem o federalismo. A verdade deve ser discernida em outro lugar.

Os federalistas encontram apoio para sua posição em Romanos 5. Aqui, Adão é o representante da humanidade caída e condenada, e Cristo é o representante da humanidade perdoada e renovada. A questão principal para o pecador é quem o representará diante de Deus.

Entretanto, um exame mais detalhado de Romanos 5 demonstrará que a visão federalista é lida na passagem em vez de ser lida fora dela. O versículo 12 diz: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram." Os federalistas geralmente apontam que, na frase "porque todos pecaram", a palavra grega para "pecaram" está no tempo aoristo e, portanto, deve se referir a uma única instância no passado - o momento em que Adão pecou. Em outras palavras, quando Adão pecou, todos nós pecamos. Mas essa é uma interpretação errônea do tempo aoristo. O aoristo é usado quando o escritor quer expressar uma ação sem enfatizar o tempo verbal. Qualquer interpretação que se baseie no uso do aoristo tem uma base fraca, porque o intérprete está enfatizando algo que o escritor optou por não enfatizar com o uso do aoristo. Romanos 5:12 simplesmente diz que, por meio de Adão, o pecado e a morte passaram para todas as pessoas porque todos pecaram (uma verdade óbvia para qualquer pessoa com um conhecimento bíblico básico e uma natureza observadora). O versículo não diz nada sobre quando ou onde todos pecaram - ele simplesmente declara um fato bruto e inegável, e deve-se observar que o ponto central do versículo é como a morte (não o pecado) passou para todos.

Mais evidências para a posição federalista são buscadas nos próximos dois versículos (Romanos 5:13-14): "Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei. Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir." Mais uma vez, o assunto principal parece ser a morte, não o pecado, embora o pecado e a morte estejam inextricavelmente ligados. O federalista lê os versículos acima para dizer que não havia lei de Adão a Moisés, mas as pessoas ainda assim morriam - e suas mortes devem ter sido o resultado do pecado de Adão. No entanto, uma leitura melhor do texto é ver que Paulo está insistindo que, embora a Lei Mosaica não tenha sido dada até o Sinai, deve ter havido algum tipo de lei divina em vigor porque o pecado não é imputado se não houver lei. Está claro que as pessoas ainda estavam pecando, como evidenciado pelo fato de que as pessoas ainda morriam desde Adão até Moisés. A ênfase da passagem é que as pessoas violaram algum tipo de lei, mesmo que não tenham violado a Lei de Moisés. Dependendo da maneira como o texto é lido, os significados são quase opostos. Ou as pessoas morreram porque pecaram de acordo com alguma outra lei (seminalista), ou morreram por causa do pecado de Adão, mesmo que não tenham pecado pessoalmente (federalista). A leitura federalista parece insustentável à luz do dilúvio e da condenação universal de Romanos 1 a 2 à parte da Lei de Moisés.

Por fim, o federalista aponta para 1 Coríntios 15:21-22, que afirma: "Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo." Aqui os federalistas veem que a questão é a representação. Todos os que são representados por Adão estão sob condenação, mas todos os que são representados por Cristo estão redimidos. Entretanto, isso não é uma afirmação da posição federalista com relação ao pecado original ou a qualquer coisa que tenha acontecido no Jardim do Éden. Ela simplesmente descreve a situação atual. Além disso, a passagem também pressupõe que aqueles que são representados por Cristo tomaram uma decisão consciente de que Ele os representa.

Em conclusão, a passagem que os seminalistas usam para apoiar sua posição realmente não aborda a questão. Da mesma forma, as passagens que os federalistas usam para apoiar sua posição não tocam diretamente na questão. O debate entre o federalismo e o seminalismo vem ocorrendo há muitos anos, e não é realista imaginar que este breve artigo o resolverá. Em última análise, as Escrituras condenam todas as pessoas por seus pecados reais. No entanto, o problema da humanidade não são apenas os atos individuais de pecado, mas também uma natureza que está totalmente mergulhada no pecado. Os pecados individuais são simplesmente o resultado de uma natureza pecaminosa que herdamos de Adão. Paulo se esforça muito em Romanos 1 e 2 para argumentar que todas as pessoas são culpadas diante de Deus porque violaram a lei conforme lhes foi revelada. Ele não as acusa do pecado de Adão. Portanto, parece que a leitura mais natural das Escrituras nos levaria mais perto da posição seminalista.

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