Pergunta
O que é a teoria do deus finito?
Resposta
Em termos mais amplos, o deus finito é a crença de que um deus é limitado de alguma forma - seja por uma força externa superior ou por um defeito na natureza do deus. O deus é finito no sentido de que sua bondade, força, sabedoria ou algum outro atributo tem um ponto de parada. Um deus com poder finito pode não ser capaz de curar pessoas ou controlar o clima. Um deus que tem habilidades de criação finitas pode não ser capaz de criar ex nihilo e pode ser capaz apenas de transformar uma coisa em outra. Um deus com bondade finita pode agir de forma egoísta. Um deus que tem conhecimento finito pode não conhecer o futuro.
O deus finito não é a mesma coisa que o deísmo. O deísmo diz que Deus criou o mundo e depois se afastou, optando por não interferir em Sua criação. Foi o deísmo que influenciou Thomas Jefferson a cortar todos os relatos de milagres em sua Bíblia. No deísmo, Deus opta por não agir; no deus finito, o deus é incapaz de agir.
Quase todas as religiões da história do mundo adoravam um deus finito. Zeus não era bom. Na mitologia nórdica - ficcionalizada nos filmes de super-heróis da Marvel - deuses como Odin morrem em um cataclismo chamado Ragnarok. Na teologia de Platão, um demiurgo formou o mundo com base no que ele viu no "Mundo das Ideias", apesar de ter muito pouca sabedoria sobre o que aconteceria em seguida. Os mórmons não acreditam que seu deus seja imutável ou atemporal. As Testemunhas de Jeová acreditam em uma "força ativa", mas não no Espírito Santo. A teologia do processo ensina que, embora Deus seja imortal, Ele não é eterno. O deus do movimento Palavra de Fé é limitado pelo que "confessamos"; se dissermos que estamos doentes, estaremos doentes, mas se afirmarmos que estamos bem, o deus deles nos fará ficar bem.
Atualmente, o godismo finito está associado principalmente à teodiceia, ou seja, ao problema do mal. A premissa é: "Como pode um Deus todo-amoroso e todo-poderoso permitir que o mal e o sofrimento continuem?" Se Ele é todo-amoroso, Ele quer o nosso melhor; se Ele é todo-poderoso, destruir o mal não deve ser problema. Portanto, talvez Deus não seja completamente bom e não se importe com o fato de sofrermos. Ou talvez Ele não seja completamente poderoso, e o mal tenha levado a melhor sobre Ele. A crença mais comum é que Deus é perfeito em bondade e intenção, mas limitado no conhecimento do futuro e no poder de fazer algo a respeito. O rabino Kuschner, autor de When Bad Things Happen to Good People (Quando coisas ruins acontecem a pessoas boas), ensina que Deus não é todo-poderoso e que devemos perdoá-lo por sua incapacidade de impedir o mal. William James, que desenvolveu o pragmatismo americano, acredita que o mal surgiu em parte porque Deus pode não ter tido o poder de estabelecer uma ordem moral para o mundo que criou.
O deus finito é contrário à teologia da Bíblia. A Bíblia apresenta um Deus que é ilimitado em poder (onipotente), conhecimento (onisciente), existência (onipresente) e bondade (onibenevolente). Mas há alguns desafios à crença de que Deus não é finito:
O problema do sofrimento: Por que um Deus bom quer que soframos? Por que um Deus poderoso não evitaria o sofrimento? A resposta é, basicamente, que Deus tem prioridades maiores do que mitigar todo o nosso sofrimento, inclusive permitir que exerçamos o livre-arbítrio com o qual Ele nos criou. E Deus pode usar nosso sofrimento físico e mundano para tentar chamar nossa atenção e nos ajudar a amadurecer espiritualmente.
Deus escolheu uma maneira tão horrível para salvar o Seu povo: Se Deus é todo-poderoso, por que Ele exigiu que Jesus fosse crucificado para que fôssemos salvos? Por que Ele não poderia ter escolhido uma maneira menos horrível? Há várias razões teológicas para o derramamento de sangue de Jesus, além do fato de que a crucificação foi uma maneira infalível de chamar nossa atenção e nos fazer perceber como o pecado é horrível.
Deus criou o mal: Se Deus criou tudo, Ele deve ter criado o mal também. Essa é uma falácia lógica baseada em um entendimento errado do que é o "mal". O mal não é uma "coisa". É a falta de uma coisa, ou seja, a falta de piedade. Assim como uma sombra é a falta de luz, o mal é o resultado de algo que bloqueia a glória de Deus.
Deus criou Satanás: Se Deus criou tudo, Ele deve ter criado Satanás. Deus criou um anjo chamado Lúcifer. Lúcifer escolheu se rebelar contra Deus e contaminar a criação de Deus. Portanto, embora Deus tenha criado o ser de Satanás, Ele não criou o caráter final desse ser.
Deus "se arrependeu": Gênesis 6:5-7 diz que "arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra". Se Deus se arrependeu, Ele deve ter cometido um erro. A palavra traduzida como "arrependeu-se" (ou, às vezes, "lamentou") tem o peso emocional que presumimos, mas não a consequência. Deus sentiu uma dor compassiva, mas não desejou não ter criado o povo. Em vez disso, isso O levou a agir - enviar o dilúvio para eliminar o mal.
Deus mente: Deus disse a Moisés para dizer ao Faraó que os israelitas precisavam viajar por três dias para sacrificar a Deus (Êxodo 8:25-27), quando, na verdade, Deus queria que os israelitas fugissem do Egito. Portanto, Deus mentiu para o Faraó. Há vários problemas com esse argumento. Em primeiro lugar, é possível que, se o Faraó tivesse deixado os israelitas viajarem por três dias, Deus teria renegociado com o Faraó para que ele simplesmente deixasse os israelitas partirem. Em segundo lugar, Deus já havia dito a Faraó que Sua intenção era que os israelitas deixassem o Egito (Êxodo 6:11). Não somos informados sobre os detalhes das negociações entre Moisés e o Faraó, nem sobre o que Deus teria feito se o Faraó tivesse deixado os israelitas partirem para o sacrifício.
Deus quebra promessas: Muito tempo antes, Deus havia prometido a Abraão que ele seria pai de muitas nações, incluindo a nação do povo escolhido de Deus (Gênesis 12:2). Em Êxodo 32, essa nação escolhida rejeitou Deus e derreteu suas joias para fazer um bezerro de ouro para adorar. Deus diz a Moisés: "Agora, pois, deixa-me, para que o meu furor se acenda contra ele, e o consuma; e eu farei de ti uma grande nação." Assim, Deus está quebrando a Sua promessa a Abraão e dando-a a Moisés. Só que Ele não está fazendo isso. Moisés era descendente de Abraão, portanto Abraão ainda seria o pai do povo escolhido de Deus. Assim como a população após o dilúvio, o número dessa nação teria sofrido apenas um soluço.
Subordinação na Trindade: Várias vezes nos Evangelhos, Jesus é mostrado como sendo menos do que todo-poderoso ou onisciente. Ele não sabia quando retornaria à Terra após a ascensão (Mateus 24:36). Ele disse que o Pai era maior do que Ele (João 14:28). E Sua vontade com relação à crucificação parecia ser contrária à de Deus (Mateus 26:39). Portanto, Jesus, pelo menos, se Ele era Deus, deve ter sido um deus finito. Essa visão mostra como é difícil entender o conceito da Trindade. Embora Jesus seja Deus, Ele também é uma pessoa independente de Deus Pai e de Deus Espírito Santo. O Filho teve um papel diferente na salvação do homem. Filipenses 2:6-8 diz que Jesus, quando se tornou homem, não tentou manter a Sua igualdade com Deus, mas assumiu a natureza de servo. Como Filho do Homem, Jesus até obedeceu humildemente ao plano de Deus para Sua morte (Mateus 26:39).
Deus mostra períodos de conhecimento limitado: Quando Adão e Eva pecaram, Deus perguntou onde eles estavam (Gênesis 3:9). Depois que Caim matou Abel, Deus perguntou a Caim onde estava seu irmão (Gênesis 4:9). Quando a mulher com fluxo de sangue tocou a orla do manto de Jesus, Jesus perguntou quem havia feito isso (Marcos 5:30). Portanto, Deus deve ter um conhecimento limitado. Os dois primeiros exemplos podem ser facilmente explicados com o entendimento de que as perguntas de Deus tinham a intenção de convidar os pecadores para uma conversa de cura com Deus. Deus estava lhes dando uma oportunidade de se arrependerem, não pedindo informações que Ele ainda não tivesse. Essa é uma tática comum entre os pais ao lidarem com seus filhos. Quanto a Jesus e a mulher, o raciocínio é menos claro. Ele pode estar assumindo o controle da conversa e convidando a mulher a se tornar pública, ou pode ser que, enquanto esteve na Terra, Jesus tenha voluntariamente limitado a Sua onisciência e tenha recebido informações do Espírito Santo conforme necessário. A pergunta de Jesus à mulher, então, não foi um sinal de ser finito, mas outro exemplo de subordinação na Trindade.
As consequências de acreditar em um deus finito são catastróficas. A teoria do deus finito tem sido a base de todas as religiões falsas, desde aquelas que têm um deus para cada aspecto da vida (fertilidade, guerra, colheitas, etc.) até aquelas que ensinam que podemos nos tornar um deus ou parte de deus. O deus finito rebaixa o Deus da Bíblia ao nível dos ídolos pagãos e faz com que os humanistas questionem se temos o direito moral de divulgar o evangelho para pessoas que já têm suas próprias religiões. Ele leva os ateus a afirmar que todos os deuses são iguais e que a única diferença entre ateus e cristãos é que os ateus não acreditam em mais um deus. Isso faz com que o misticismo oriental despersonalize Deus em uma força boa que é controlada pela força maligna que não consegue conquistar. A teoria do deus finito eleva a razão humana ao nível de Deus e nos dá permissão para julgar o Seu caráter e Suas ações.
Em um nível mais individual, a teoria do deus finito ensina às pessoas que Deus não as ama ou não pode salvá-las. O que começa como uma tentativa filosófica de explicar passagens difíceis da Bíblia resulta em desespero e solidão no coração daqueles que precisam de conforto. O deus finito contradiz diretamente quem Deus é para Sua criação:
- Onipotente: Deus tem poder infinito (Jó 42:2; Salmo 33:6; Daniel 2:21; Apocalipse 19:1)
- Onipresente: Deus está presente em toda parte (Salmo 139:11-12)
- Onisciente: Deus sabe tudo, desde nossos pensamentos mais profundos até o futuro distante (1 João 3:20; Isaías 46:9-10)
- Onibenevolente: Deus é infinitamente bom (Salmo 106:1; Marcos 10:18)
- Imutável: Deus nunca muda (Malaquias 3:6; Números 23:19; Salmo 33:11)
- Eterno: Deus sempre existiu e sempre existirá; Ele está fora do tempo (Salmo 90:2; Êxodo 3:14)
- Transcendente: Deus está acima e fora das limitações de Sua criação (Hebreus 1:3; Isaías 55:8-9)
- Amor: Deus é amor (1 João 4:8; João 3:16)
A teoria do deus finito é mais uma das mentiras de Satanás para nos confundir, distrair e convencer de que Deus não tem a capacidade ou o desejo de cuidar de nós. É a tentação mais antiga do livro (Gênesis 3:5) e à qual somos muito vulneráveis. Para conhecer o Deus da Bíblia, leia a Bíblia. Faça perguntas sobre a Bíblia. E ignore qualquer pessoa que ensine algo sobre Deus que não esteja na Bíblia.
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O que é a teoria do deus finito?