Pergunta
Qual foi a data do êxodo do Egito?
Resposta
O êxodo de Israel do Egito está vinculado a algumas datas possíveis, mas nenhuma com certeza absoluta. A história é compreendida por meio de materiais que sobrevivem por tempo suficiente para serem documentados e lembrados na era atual. Quando os incidentes em questão remontam a três ou quatro mil anos, as evidências que se pode esperar encontrar são muito reduzidas. Os registros que sobreviveram podem ser extremamente precisos, mas não incluem os detalhes que se poderia desejar. Esse parece ser o caso do livro de Êxodo, resultando em debates sobre quando seus eventos podem ter ocorrido.
Analisar as nuances de como os arqueólogos e estudiosos datam eventos antigos, como os encontrados no livro de Êxodo, está muito além do escopo de um único artigo ou da capacidade de um leitor comum. Os registros da história egípcia antiga são especialmente notórios por serem erráticos, cheios de contradições internas e exageros, e excessivamente lisonjeiros para quem estava governando na época. A egiptologia secular é objeto de debates contínuos sobre como e onde datar determinados marcos. Discussões sobre interpretação e tradução ocorrem nos estudos bíblicos. Fatos e suposições concorrentes resultam em uma variedade estonteante de possibilidades.
Desse caos surgem duas datas, consistentemente vistas como os momentos mais prováveis para o êxodo de Israel do Egito. Essas datas são 1446 a.C. e 1225 a.C., respectivamente chamadas de "precoce" e "tardia". Cada uma delas tem apoio bíblico, lógico e arqueológico, bem como pontos fracos correspondentes. É de especial interesse saber quais faraós egípcios correspondem a essas datas e se as evidências arqueológicas são compatíveis.
A data inicial, 1446 a.C., é a data mais comum aplicada em interpretações conservadoras das Escrituras. Isso leva a declaração de 1 Reis 6:1 ao pé da letra, retrocedendo 480 anos a partir do quarto ano do reinado de Salomão, no início ou meados dos anos 900 a.C. Uma linha do tempo paralela é dada em Juízes 11:26. Usando a datação convencional das dinastias egípcias, isso colocaria a chegada de José e sua família no Egito (Êxodo 1:1-7) pouco antes de a cultura ser conquistada por invasores estrangeiros, apenas para retornar ao domínio étnico egípcio séculos depois (Êxodo 1:8).
Essa visão atribuiria o assassinato de bebês (Êxodo 1:16-21) a Amenófis I ou Tutmés I, cujas reputações se alinham com essa crueldade. Também se conecta à filha de Tutmés I, Hatshepsut, uma mulher co-regente (Êxodo 2:5-6) cujo enteado trabalhou para combater seu legado (Êxodo 2:14-15). Amenófis II, o sétimo faraó da Décima Oitava Dinastia, sofreu notavelmente com a falta de campanhas militares a partir de 1446 a.C. (Êxodo 14:28), e seu herdeiro, Tutmés IV, foi criticado por ser um sucessor pouco legítimo (Êxodo 11:4-5; 12:29).
Registros arqueológicos contemporâneos, como as cartas de Amarna, indicam uma grande perturbação em Canaã atribuída a um povo conhecido como 'Apiru ou Habiru (Êxodo 9:1). As descobertas também incluem evidências de que cidades como Jericó foram conquistadas durante esse período. Tudo isso contribui para a suposição de que 1446 a.C. é a data mais provável do êxodo do Egito.
A "data tardia" de 1225 a.C. também tem defensores e um conjunto de evidências de apoio. O nome Ramsés é usado em uma cidade no livro de Êxodo (Êxodo 1:11), e esse é o nome de vários governantes dos anos 1300 e 1200 a.C. Evidências arqueológicas em Canaã sugerem uma carnificina generalizada nesse período geral (consulte Josué 1:1-5). Outras descobertas de apoio, como uma cidade de escravos abandonada às pressas (Êxodo 12:30-34) contendo valas comuns de crianças (Êxodo 1:16) e registros egípcios detalhando uma era de caos e desastre (Êxodo 3:19-20) são tipicamente datados desse período posterior.
Aceitar a data de 1225 a.C. significaria interpretar os 480 anos de 1 Reis 6:1 e o período de tempo de Juízes 11:26 como não literais ou necessitando de mais esclarecimentos.
Também existem outras possibilidades. Alguns estudiosos do antigo Egito sugerem que as principais linhas do tempo usadas hoje precisam de mais ajustes. Dependendo de como se aborda essa questão, as datas objetivas dos eventos registrados nos antigos registros egípcios podem mudar em até vários séculos. Isso fez com que faraós como Neferótep I e o ícone da cultura pop "Rei Tut" fossem apresentados como possíveis governantes durante o êxodo. Assim como as datas "iniciais" e "tardias" mais comuns de 1446 a.C. e 1225 a.C., essas datas alternativas são apresentadas com evidências arqueológicas que podem ser compatíveis com as Escrituras.
Em resumo, não podemos dizer com certeza quando os eventos do livro de Êxodo ocorreram. Uma leitura direta da Bíblia, combinada com algumas evidências arqueológicas, leva a uma data de 1446 a.C. Uma visão menos literal de certas datas do Antigo Testamento, combinada com evidências extrabíblicas bastante substanciais, sugeriria uma data em torno de 1225 a.C. Um raciocínio mais inovador permite que outras evidências arqueológicas e bíblicas sejam coordenadas com datas em algum ponto intermediário.
Apesar da ambiguidade, há muitas evidências que sugerem que os eventos do Êxodo são plausíveis. A complicação, nesse caso, não é determinar "se" Israel foi libertado do Egito, mas precisamente "quando".
English
Qual foi a data do êxodo do Egito?
