Pergunta
É possível ser cristão e pró-escolha ao mesmo tempo?
Resposta
O aborto tem sido um tema muito debatido na cultura americana nos últimos quarenta anos. Os defensores de ambos os lados apresentam estatísticas e pontos de vista que muitos acreditam sinceramente ser a única maneira correta. Para fins de clareza, vamos definir os termos "pró-escolha" e "pró-vida". Para os fins deste artigo, "pró-escolha" será definido como "a crença de que uma mulher deve ter o direito legal de abortar seu filho ainda não nascido em qualquer momento da gravidez". Os defensores da opção pró-escolha acreditam que o aborto é uma decisão pessoal e não deve ser limitado pelo governo ou por qualquer outra pessoa. "Pró-vida" será definido como "a crença de que toda vida humana é sagrada e ninguém, incluindo a mãe, tem o direito de acabar com uma vida inocente". Os defensores do direito à vida defendem a opinião de que a vida desde o momento da concepção deve ser protegida.
Então, um cristão deve ser pró-escolha ou pró-vida? Um cristão, de acordo com a Bíblia, é alguém que aceitou a oferta de perdão de Deus por meio da morte e ressurreição de Jesus. A salvação é um dom de Deus por meio da fé na obra consumada de Jesus Cristo (João 3:16-18; Efésios 2:8-9; Atos 16:31; Romanos 10:9). O que acreditamos sobre outras coisas é uma questão de crescimento, não de salvação. Entretanto, 2 Coríntios 5:17 diz: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas." Quando entregamos nossa vida a Cristo, Ele começa a nos mudar: nossa maneira de pensar e nossa maneira de nos comportar (veja Isaías 55:7). Nosso corpo se torna o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 3:16; 6:19). Nossa mente é renovada por meio da verdade da Palavra de Deus (Romanos 12:1-2). Nossas atitudes, perspectivas e comportamentos mudam gradualmente para se tornarem mais parecidos com os de Cristo (Romanos 8:29; Gálatas 5:22).
Essa transformação não acontece da noite para o dia. Muitos cristãos ainda são o que o apóstolo Paulo chamou de "carnais" (1 Coríntios 3:1-3; Romanos 8:6). Os cristãos carnais confiam em Jesus para a salvação, mas ainda pensam, agem e reagem como o mundo. Muitas vezes, eles são novos na fé ou simplesmente não permitiram que o Espírito Santo tivesse livre acesso a todas as áreas de seus corações. Elas estão tentando viver a vida cristã em sua própria força, enquanto ainda são fortemente influenciadas pelo modo de pensar do mundo. A mente carnal não foi totalmente renovada pela Palavra de Deus e ainda busca o compromisso com o mundo (Tiago 4:4). Os cristãos carnais permitem que os pontos de vista persuasivos dos ímpios influenciem suas opiniões sobre muitas coisas, inclusive sobre o aborto. O crescimento espiritual exige que abandonemos nossas antigas formas de pensar à medida que nos tornamos mais semelhantes a Cristo. Começamos a ver as coisas da maneira que Deus vê e, quanto mais próximos dEle nos tornamos, menos concordamos com o sistema do mundo (Salmo 1:1-2). Se uma pessoa se recusa continuamente a permitir que a Palavra de Deus transforme seu pensamento, há grandes chances de que ela não seja realmente cristã (Romanos 8:14).
Os defensores da opção pró-escolha afirmam que a Bíblia não trata do aborto, portanto a decisão deve ser individual. Embora seja verdade que o termo "aborto" não apareça na Bíblia, os princípios sobre o valor da vida estão lá. Em Êxodo 21:22-23, Deus escreveu em Sua Lei a proteção para o nascituro. Se uma mulher grávida fosse ferida, fazendo com que ela perdesse seu filho, então o causador do ferimento deveria ser executado: "uma vida por uma vida". A frase "vida por uma vida" diz muito. Deus considera a vida do feto tão valiosa quanto a de um homem adulto.
Deus disse a Jeremias: "Antes de formá-lo no ventre materno, eu já o conhecia; e, antes de você nascer, eu o consagrei e constituí profeta às nações" (Jeremias 1:5). Foi Deus quem o criou para um propósito específico. O Salmo 139:13-16 nos dá a imagem mais clara do ponto de vista de Deus sobre o nascituro. Davi escreve: "Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no ventre de minha mãe. Graças te dou, visto que de modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles ainda existia."
A Bíblia deixa claro que toda a vida humana foi criada por Deus para Seu propósito e Seu prazer (Colossenses 1:16), e um cristão que realmente deseja conhecer o coração de Deus deve alinhar seu ponto de vista com o de Deus. Quando começamos a justificar o mal de acordo com o nosso entendimento, diluímos a verdade da Palavra de Deus. Quando renomeamos o adultério como "caso", a homossexualidade como "estilo de vida alternativo" e o assassinato do nascituro como "escolha", estamos caminhando para sérios problemas. Não podemos redefinir o que significa seguir a Cristo. Jesus disse que primeiro devemos "negar a nós mesmos" (Mateus 16:24; Lucas 9:23). Parte de negar a nós mesmos é abandonar as mentiras cômodas que o mundo nos alimenta. Temos de abrir mão de nosso próprio entendimento e permitir que Deus nos mude (Provérbios 3:5-6).
Alguns defensores da opção pró-escolha argumentam que não são a favor do aborto. Dizem que odeiam o aborto, mas apóiam o direito de escolha da mulher. Isso faz tanto sentido quanto dizer que odeia o estupro, mas apoia o direito do homem de cometê-lo. A retórica soa bem - a menção de "escolha" a torna mais atraente - mas, por trás disso, há um conflito direto com o ponto de vista de Deus nas Escrituras.
Os defensores da opção pró-escolha geralmente afirmam que sua posição é "compassiva" e que os pró-vida não se importam com a mulher ou com seu filho. Esse argumento é uma pista falsa. O fato de os pró-vida "se importarem" ou não é irrelevante, assim como é irrelevante se aqueles que se opõem a roubos "se importam" com os bancos que estão sendo roubados. O roubo é contra a lei moral de Deus. O aborto também é. E essa é a questão.
A Bíblia é clara: como Deus é o Criador da vida humana, somente Ele pode determinar quem vive ou morre. E toda pessoa que reivindica o nome de Cristo tem a obrigação de garantir que seus pontos de vista estejam alinhados com a Sua Palavra. É possível que um cristão nascido de novo seja a favor da escolha? Sim. É provável que essa pessoa continue sendo pró-escolha? Não, se ela estiver permitindo que a Palavra de Deus transforme e renove a sua mente (Romanos 12:2).
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É possível ser cristão e pró-escolha ao mesmo tempo?