Pergunta
O que significa quando Deus diz: "Minha é a vingança" (Romanos 12:19)?
Resposta
Quando somos feridos, abusados, humilhados ou tratados injustamente, naturalmente queremos que o ofensor experimente o que sentimos. Exigimos "cobrar até o último centavo" e não descansamos até recebê-lo. Esse é o ponto crucial de muitos filmes de Hollywood e parece ser a coisa certa a fazer. Se alguém nos mostra bondade, geralmente estamos ansiosos para retribuir. Por que não deveríamos retribuir o mal que nos é feito também?
As Escrituras têm uma visão diferente, e Deus diz: "A vingança é minha". Embora aceite o nosso desejo humano de "vingança", Paulo nos dá um caminho melhor do que o que vemos em muitos filmes policiais. Em Romanos 12:19-21, ele escreve:
Meus amados, não façam justiça com as próprias mãos, mas deem lugar à ira de Deus, pois está escrito: 'A mim pertence a vingança; eu é que retribuirei', diz o Senhor. Façam o contrário: 'Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber; porque, fazendo isto, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele.' Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem."
A mensagem de Romanos 12 decorre do texto anterior, em que Paulo estabeleceu o princípio da justiça pela fé. Romanos 1-8 aborda por que Jesus teve de ser sacrificado por nossa culpa e como nos tornamos justos pela fé (Romanos 3:22). Os capítulos 9 a 11 são um aparte sobre os judeus, depois do qual Paulo introduz o capítulo 12 com a frase: "Portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, peço que ofereçam o seu corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Este é o culto racional de vocês." Todos os outros versículos desse capítulo detalham como devemos viver como receptores da misericórdia de Deus.
A ordem para que os cristãos não se vinguem resulta do fato de que fomos salvos pela graça por meio da fé (Efésios 2:8-9). Nossa justiça é um dom de Deus recebido pela fé, não pelas obras (Romanos 3:21-26; 4:5; 2 Coríntios 5:21; Filipenses 3:9). Como pessoas perdoadas por Deus por meio de Cristo, recebemos o mandamento de imitar a natureza de Deus perdoando os outros que nos prejudicaram (Colossenses 3:13; Efésios 4:32). Jesus enfatiza ainda mais a necessidade do perdão (Mateus 18:21-22), e o Seu padrão é o amor para com nossos inimigos (Lucas 6:27-28; Mateus 5:43-45).
E quanto à justiça retributiva? Quem satisfará essa necessidade? É aí que Deus entra em cena. Paulo cita Deuteronômio 32:35 para nos dizer quem é o responsável pela retribuição. É Deus. A vingança pertence a Deus, não a nós.
O problema não é a nossa necessidade de justiça retributiva, em si. É bom querer que a justiça seja feita. Mas temos uma natureza pecaminosa, mesmo como crentes regenerados; por isso, a luta dentro de nós (Gálatas 5:17). É impossível buscarmos vingança com motivos absolutamente puros. Quando nos vingamos de um erro, geralmente trocamos nosso altruísmo pela animosidade, e nosso desejo de justiça é misturado com justiça própria. Assim como qualquer outro desejo normal, o desejo de vingança pode se tornar um calabouço de dor e amargura.
O único que pode realizar a verdadeira justiça sem a mácula de motivos impuros é Deus. Ele é o juiz supremo, que não responde a ninguém e que "retribui a cada um segundo o que fez" (Romanos 2:6; cf. Salmo 62:12). Esse conhecimento deve nos confortar quando somos injustiçados, bem como nos dar a liberdade de deixar para lá. Jesus é o nosso exemplo nisso: "Pois ele, quando insultado, não revidava com insultos; quando maltratado, não fazia ameaças, mas se entregava àquele que julga retamente" (1 Pedro 2:23).
O que devemos então fazer com aqueles que nos ofendem? Seguir a instrução de Paulo em Romanos 12:20: "Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer" (cf. Provérbios 25:21-22; Mateus 5:43-44). Dessa forma, não seremos engolidos pelo mal, mas venceremos o mal fazendo o bem. Isso é feito por meio do poder e da obra santificadora do Espírito Santo.
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O que significa quando Deus diz: "Minha é a vingança" (Romanos 12:19)?
