Pergunta
O que é o Pentateuco Samaritano?
Resposta
O Pentateuco Samaritano, ou Torá Samaritana, é o texto dos primeiros cinco livros da Bíblia Hebraica escrito na caligrafia samaritana para o povo samaritano. É o único texto que os samaritanos consideram inspirado, rejeitando de Josué a Malaquias e todo o Novo Testamento.
O Pentateuco Samaritano deriva de uma versão antiga da Bíblia Hebraica escrita em um estilo de texto pré-samaritano que existia no período do Segundo Templo (c. 515 a.C. - 70 d.C.). Esse texto foi editado para enfatizar as crenças do samaritanismo e preservado como o Pentateuco Samaritano, provavelmente entre o primeiro século a.C. e o primeiro século d.C. O Museu da Bíblia em Washington, D.C., exibe um manuscrito datado de cerca de 1160, contendo parte do Pentateuco Samaritano, o que o torna um dos mais antigos pergaminhos da Torá sobreviventes da tradição samaritana.
O Pentateuco Samaritano é bastante semelhante ao Texto Massorético. A maioria das seis mil diferenças entre os dois se resume a variações de ortografia ou gramática. Essa semelhança é bastante notável porque os documentos foram desenvolvidos e transmitidos independentemente - os judeus não tinham relações com os samaritanos (João 4:9). Em última análise, o Pentateuco Samaritano atesta a confiabilidade da Torá.
Entretanto, há várias discrepâncias entre o Pentateuco Samaritano e o Texto Massorético com implicações muito maiores. Uma delas é encontrada em Deuteronômio 27:4: "Quando vocês tiverem passado o Jordão, levantem essas pedras no monte Ebal, como hoje lhes ordeno, e pintem-nas com cal" (NAA, baseado no Texto Massorético). O Pentateuco samaritano substitui o Monte Ebal pelo Monte Gerizim, de acordo com a visão do samaritanismo de que o local do templo de Deus deveria ser o Monte Gerizim.
Os samaritanos acreditam que a leitura original do texto de Deuteronômio 27:4 é a deles, alegando que Esdras posteriormente alterou a redação para combater as alegações dos samaritanos de que Gerizim, e não Jerusalém, era o monte sagrado de Deus. Essa é a mesma questão mencionada pela mulher samaritana em João 4:20 quando ela estava falando com Jesus sobre adoração. Jesus disse a ela que o local da adoração não importa, porque "vem a hora — e já chegou — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espíritoe em verdade. Porque são esses que o Pai procura para seus adoradores" (João 4:23). Samaritanos, judeus e gentios agora podem adorar a Deus como uma Igreja por meio do sangue redentor de Cristo.
Desde os tempos antigos, o povo judeu rejeitava as práticas de adoração dos samaritanos, bem como a apresentação do Pentateuco Samaritano do Monte Gerizim como a montanha sagrada de Deus (veja a refutação do Rabino Eliezer em Sifre D. 56 e y. Soṭa 7.3 do Talmude). O interesse pelo Pentateuco Samaritano diminuiu na Idade Média, mas ele foi publicado novamente no século XVII, reacendendo a atenção e o debate.
O Pentateuco Samaritano é um recurso útil na crítica textual. Alguns estudiosos, principalmente católicos, consideram-no um texto mais autêntico do que o Texto Massorético. Isso se deve principalmente à grande concordância entre o Pentateuco Samaritano e a Septuaginta e a Vulgata Latina, duas traduções que os católicos consideram autorizadas. Outros - em geral protestantes - argumentam que o Pentateuco Samaritano é um derivado útil, mas às vezes não confiável, de textos hebraicos anteriores.
Com base em descobertas nos Manuscritos do Mar Morto, identificados como "pré-samaritanos", agora há um consenso geral de que o Pentateuco Samaritano representa uma tradição textual antiga legítima, apesar das variações incluídas pelos samaritanos. O Pentateuco Samaritano pode ser uma ferramenta útil para se ter uma ideia melhor do texto original que Moisés escreveu.
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