Pergunta

O que significa o fato de não haver paz para os ímpios?

Resposta
Isaías 48:22 diz: "Não há paz... para os ímpios". A declaração é repetida em Isaías 57:21. Em ambos os casos, a declaração segue as denúncias do Senhor sobre as nações más e as práticas iníquas. Isaías 57:20 explica melhor: "Mas os ímpios são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo." A afirmação de que os ímpios não têm paz parece ir contra a nossa observação de que muitas pessoas ímpias parecem levar uma vida de tranquilidade e prazer. Pelo menos externamente, os ímpios muitas vezes parecem ter um pouco de paz (Salmo 73:3-12). Então, o que Deus quer dizer quando declara que não há paz para os ímpios?

Jesus disse aos Seus discípulos: "Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Que o coração de vocês não fique angustiado nem com medo" (João 14:27). Jesus estava esclarecendo a diferença entre a paz do mundo e a paz de Deus. Circunstâncias favoráveis podem proporcionar uma ilusão de paz, desde que tudo esteja bem. Mas a paz que o mundo proporciona é externa e está sujeita a mudanças rápidas. O crash de Wall Street na década de 1920 eliminou instantaneamente a paz dos investidores. Tsunamis, furacões, terremotos e tornados perturbam a paz externa de milhões de pessoas. Quando nossa paz depende de nossas circunstâncias, ela é frágil e passageira.

Aqueles que possuem apenas paz externa precisam se exaurir continuamente para mantê-la. Seus esforços para manter a paz pessoal muitas vezes exigem que eles interfiram na paz dos outros, o que resulta em iniquidade. Assaltos, vícios, adultérios, acessos de raiva e uma série de outros males são tentativas de obter um pouco de paz para aqueles que cometem os pecados. Enquanto acreditarmos que somos responsáveis por criar nossa própria paz, podemos justificar os meios que usamos para obtê-la. Tentaremos justificar o adultério: "Tive de deixar minha esposa por essa outra mulher porque não conseguia ser feliz sem ela". Tentaremos justificar os tumultos: "Estou irritado com as injustiças da sociedade, por isso posso saquear e pilhar empresas para obter a paz que mereço."

Quando Deus disse que não há paz para os iníquos, Ele quis dizer que a paz permanente só é possível quando estamos em um relacionamento correto com Ele. Dentro de cada coração humano há o conhecimento da eternidade (Eclesiastes 3:11). Antes de conhecermos Deus, há um desejo inquieto que não conseguimos definir. Temos momentos em que surgem perguntas profundas: Por que estou aqui? A vida tem sentido? Há algo mais lá fora que estou perdendo? Nossas almas não encontram paz real fora de Deus.

Os belos, os poderosos e os ricos têm as mesmas perguntas. O dinheiro, a fama e o poder só podem proporcionar uma paz temporária. O que acontece quando essa paz começa a se esvair? Aqueles que rejeitaram Deus não conhecem a paz que acompanha o perdão dos pecados, por isso tentam prolongar a beleza, ganhar mais poder ou aumentar suas riquezas. Eles inventam falsos deuses, encontram distrações ou buscam filantropias na esperança de encontrar a paz.

É bom fazer o bem, e as pessoas têm tentado ganhar o favor de Deus com boas ações desde o início dos tempos. Caim pode ter sido a primeira pessoa perversa a oferecer sacrifícios por dever (Gênesis 4:3-5). Ele viu a atividade externa de oferecer um sacrifício como um meio pelo qual poderia obter paz. Mas ela não veio. O rei Saul também tentou usar o sacrifício como um meio de garantir a paz contínua de Deus, mas o Senhor ficou irado com sua desobediência flagrante (1 Samuel 13:8-14). Da mesma forma, muitas pessoas hoje pensam que a frequência à igreja, o dízimo ou qualquer outra atividade de aparência cristã garantirá a paz que buscam, mas se decepcionam. Elas adoram a Deus com os lábios, mas seus corações estão longe dEle (Isaías 29:13; Mateus 15:8).

Todos nós fomos inimigos de Deus em algum momento, pessoas perversas que não tinham como garantir a paz por conta própria (Efésios 2:1-3). Mas Deus enviou Jesus, o Príncipe da Paz (Isaías 9:6), para reconciliar o mundo consigo mesmo. Aqueles que confiam nEle descobrem que Jesus de fato veio "para guiar os nossos pés no caminho da paz" (Lucas 1:79).

A paz de Deus guarda o coração e a mente de Seus filhos, e é uma paz que "excede todo o entendimento" (Filipenses 4:7). O método de Jesus para nos conceder paz é o oposto dos caminhos que naturalmente escolheríamos. A sabedoria convencional diz que apegar-se à nossa vida e aos nossos desejos egoístas é o caminho para encontrar a paz. Jesus disse que devemos negar a nós mesmos, tomar nossas cruzes diariamente e segui-lo (Lucas 9:23). A paz escapará aos iníquos enquanto eles insistirem em seu próprio caminho. Mas quando os ímpios se arrependerem e entregarem suas vidas ao senhorio de Jesus, até eles encontrarão paz duradoura (Efésios 2:13-15).