Pergunta

Como a palavra do Senhor foi dada "mandamento sobre mandamento" ao povo (Isaías 28:13)?

Resposta
Em Isaías 28, o profeta Isaías começa a entregar uma série de "ais" ou mensagens advertindo o povo de Israel (ou Efraim) e Judá sobre o julgamento vindouro. Em um desses ais, a frase mandamento sobre mandamento aparece repetidamente. O termo mandamento significa "uma regra, comando ou princípio orientador". Em Isaías 28:13, Deus profere palavras de julgamento: "Assim, pois, a palavra do Senhor lhes será mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se enlacem, e sejam presos."

Para entender completamente o que o profeta quis dizer com "mandamento sobre mandamento", é necessário um pouco de contexto histórico:

Isaías se esforçou para que os governantes de Israel parassem de depender de estratégias políticas e tratados internacionais para obter a paz e voltassem a confiar no Senhor. Não só os governantes de Israel eram orgulhosos, incapazes de serem ensinados e autossuficientes, mas esses líderes, que deveriam ser exemplos para o povo, estavam cambaleando, bêbados, desordenados e delirantes (Isaías 28:7-8). Isaías percebeu que era hora de o povo se voltar para Deus e se arrepender.

Em suas alucinações embriagadas, o povo não demonstrava interesse em ouvir Deus. Eles perguntaram: "Quem o Senhor pensa que somos?" e "Por que ele fala conosco dessa maneira?" e expressaram seu ressentimento: "A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender doutrina? Ao desmamado do leite, e ao arrancado dos seios? Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali" (Isaías 28:9-10).

Isaías 28:10 na Nova Almeida Atualizada diz: "Porque nos fala como a crianças, repetindo palavras e frases. Uma palavra, depois mais outra, um pouco aqui, um pouco ali." Na Nova Versão Internacional, a reclamação deles diz: "Ordem sobre ordem, ordem sobre ordem, regra e mais regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali". Essas frases repetidas foram ditas pelos rebeldes bêbados para zombar da pregação de Isaías - sua mensagem "simplista" soava como conversa de bebê para eles.

Desprovidos da presença viva e respiratória de Deus e da mensagem de salvação, os sacerdotes e profetas embriagados viam a Palavra do Senhor como um jargão sem sentido, pouco mais do que um conjunto de regras e regulamentos - preceito sobre preceito, uma regra para isso, uma regra para aquilo; faça isso, faça aquilo. Eles se consideravam acima desses princípios básicos e desprezavam Isaías por tratá-los como se fossem crianças pequenas.

Os líderes da época de Isaías estavam vendo sem perceber e ouvindo sem entender (Mateus 13:14-15). Seus corações haviam se tornado insensíveis, seus ouvidos embotados e seus olhos fechados (Isaías 6:9-10). Colocando a reclamação deles em termos modernos, não seria exagero dizer que, ao dizer "Preceito sobre preceito, preceito sobre preceito", eles estavam dizendo que a Palavra do Senhor era pouco mais do que "yada yada" ou "blá-blá-blá" para eles.

O desrespeito demonstrado a Isaías e à Palavra de Deus foi recebido com o pronunciamento de julgamento de Deus. Em Isaías 28:11-13, Deus chama a atenção dos profetas e sacerdotes bêbados de Israel por zombarem de Isaías e rejeitarem Sua Palavra. Primeiro, Deus diz: "Pois bem, por meio de lábios zombeteiros e de uma língua estranha o Senhor falará a este povo" (versículo 11). Em outras palavras, como eles afirmaram que a pregação de Isaías não passava de balbúrdia, Deus garantiria que suas futuras lições fossem ministradas em uma língua estrangeira - especificamente, a língua assíria, pois os assírios logo conquistariam Israel e os levariam para o cativeiro (Oséias 8:8; 13:16).

Em seguida, Isaías tentou fazer com que os rebeldes se vissem como se estivessem em um espelho, jogando suas próprias palavras de volta para eles: "Assim, a palavra do Senhor lhes será como a fala de crianças: palavras e frases repetidas, uma palavra, depois mais outra, um pouco aqui, um pouco ali" (Isaías 28:13a). Como parte do julgamento de Deus, Sua mensagem continuaria a ser dada em pequenas porções. Eles continuariam a ser tratados como crianças porque ainda eram crianças em seu entendimento. Eram aqueles que estavam "sempre aprendendo, mas nunca puderam chegar ao conhecimento da verdade" (2 Timóteo 3:7). E eles continuariam em sua embriaguez espiritual, incapazes de entender. O resultado seria devastador: "Isso para que andem, caiam para trás, sejam despedaçados, enlaçados e presos" (Isaías 28:13b).

A única esperança do povo era voltar-se para Deus, a rocha de sua salvação: "Eis que ponho em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge" (Isaías 28:16). Essa "pedra preciosa e angular" era uma referência incontestável ao Messias (cf. Salmo 118:22; Romanos 9:33; 1 Pedro 2:6; Mateus 21:42; Atos 4:11).