Pergunta

Quando a Bíblia se refere a homens, humanidade, irmãos, etc., isso inclui as mulheres?

Resposta
A Bíblia não é de forma alguma neutra em termos de gênero. Ela apresenta, do início ao fim, uma perspectiva totalmente masculina e, muitas vezes, deixa para o leitor decidir qual aplicação às mulheres ou qual inclusão de mulheres está implícita. Às vezes, uma referência a homens ou irmãos deve ser entendida como incluindo mulheres; outras vezes, homens significa apenas "homens". O contexto fornecerá as pistas.

Determinar se a palavra homem ou irmãos inclui mulheres se resume a traduzir corretamente a passagem e depois interpretar adequadamente seu significado. Uma boa hermenêutica leva a interpretações precisas e à capacidade de saber quando uma passagem sobre "homens" é exclusiva (referindo-se estritamente a homens) ou inclusiva (referindo-se a ambos os gêneros).

Algumas palavras têm forma masculina, e o contexto deixa claro que elas devem ser entendidas como se referindo apenas a homens. Por exemplo, em Atos 7:2, quando Estêvão se dirige ao seu público como "irmãos e pais", ele não está usando esses termos genericamente. O corpo do Sinédrio para o qual ele falou era composto de homens, sem mulheres.

Outras palavras, embora de forma masculina, podem ser usadas como termos genéricos para ambos os sexos. Por exemplo, homem e filhos às vezes são usados para se referir à "humanidade" e às "crianças" em geral. Em Efésios 4:8, lemos: "Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens." Homens aqui é uma referência a toda a humanidade - o Senhor não limitou os dons espirituais à população masculina da igreja. Em Mateus 13:38, Jesus fala sobre "os filhos do reino" e "os filhos do maligno". A palavra filhos é masculina, é claro, mas nesse contexto ela significa simplesmente "pessoas" ou "descendência". Esses exemplos demonstram um ponto importante sobre a linguagem. A maioria das palavras em qualquer idioma não tem um significado único e abrangente, mas o contexto desempenha um papel na determinação da definição.

Às vezes, a tradução de um texto faz alterações sutis nas palavras relacionadas ao gênero. Por exemplo, a versão NAA de João 1:12 diz: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome". Entretanto, a palavra portuguesa filhos, uma palavra masculina, substitui uma palavra neutra no grego.

Uma pergunta relacionada é por que a Bíblia usa apenas termos genéricos masculinos? Por que as crianças podem ser chamadas de "filhos", mas nunca são chamadas (genericamente) de "filhas"? É evidente que, na cultura dos escritores bíblicos, era prática padrão usar o masculino genérico. Era assim que as pessoas pensavam e falavam. Durante séculos, no português moderno, também usamos o masculino genérico - ele era um substituto aceitável para ele ou ela quando nos referíamos a uma pessoa desconhecida. No idioma contemporâneo, as pessoas no Ocidente tornaram-se sensíveis à linguagem específica de gênero: chamar um bombeiro de "bombeiro" é desaprovado como sexista, mesmo que ele seja obviamente do sexo masculino.

Muitas traduções da Bíblia nos últimos anos adotaram uma redação mais neutra em termos de gênero. Por exemplo, 1 Tessalonicenses 4:1 é traduzido como "Finalmente, irmãos e irmãs, pedimos e exortamos a vocês no Senhor Jesus" (NVI), embora a palavra "irmãs" não esteja no texto grego. Os tradutores acrescentaram "e irmãs" em prol da neutralidade de gênero. A inserção de e irmãs resulta em uma tradução menos exata do texto grego? Sim, resulta. Mas, como Paulo estava obviamente escrevendo para toda a igreja (que incluía irmãs em Cristo), a inclusão de e irmãs não prejudica a intenção dessa passagem específica. A Palavra de Deus não é distorcida por essa modificação. Usar palavras mais genéricas como pessoas e descendentes em vez de homem, pai e filhos pode ajudar a eliminar a confusão, evitar mal-entendidos e evitar ofensas desnecessárias nos tempos modernos.