Pergunta

O que significa o fato de Deus não ter nos dado um espírito de covardia (2 Timóteo 1:7)?

Resposta
Antes de morrer, Paulo escreve uma carta de encorajamento e exortação a Timóteo, seu amado protegido. Timóteo tem uma personalidade tímida e não se sente à vontade com suas pesadas responsabilidades. Paulo não quer que o medo sufoque o ministério de Timóteo ou seu dom de Deus, por isso ele aborda o espírito de medo de Timóteo.

Paulo diz: "Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação" (2 Timóteo 1:7). A palavra grega para "covardia" nesse versículo não se refere ao temor reverencial que é frequentemente associado ao temor do Senhor. Em vez disso, a palavra se refere à timidez. Mateus 25:14-30 apresenta um exemplo desse tipo de medo. Um senhor confia ouro a três servos antes de embarcar em uma viagem, e apenas dois dos servos aumentam a riqueza do senhor durante sua ausência. O terceiro servo teme o mestre e enterra seu ouro. O mestre responde à covardia do servo pegando de volta o ouro e dando-o ao servo com mais ouro. O espírito de medo do servo impediu a sua total devoção ao mestre e a sua capacidade de tomar decisões sábias.

No contexto de 2 Timóteo 1:7, Paulo fala do medo de compartilhar o evangelho em meio à perseguição. As circunstâncias assustadoras que cercam o chamado de Timóteo para compartilhar o evangelho acrescentam mais ansiedade à sua personalidade já tímida. Paulo incentiva Timóteo lembrando-o de sua herança de fé. Sua avó Loide e sua mãe Eunice foram um exemplo de fidelidade devota a Deus durante toda a vida de Timóteo. Elas provavelmente lhe ensinaram as Escrituras judaicas e lhe mostraram como ser um homem honrado de Deus. Paulo escreve que a fé sincera de Loide e Eunice vive dentro de Timóteo. A motivação de Paulo ao abordar o espírito de medo de Timóteo não é o fato de ele duvidar da sinceridade da fé de Timóteo. Em vez disso, ele deseja restaurar a coragem de Timóteo. Paulo continua exortando Timóteo a acender a chama do dom que lhe foi dado por Deus. Os dons florescem quando são entregues a Deus e decaem quando permitimos que o medo nos paralise. O medo pode impedir a eficácia de um dom, e Paulo diz que o poder, o amor e a mente sadia ajudarão Timóteo a florescer e a trabalhar para a glória de Deus.

Quando Paulo lembra a Timóteo que Deus não nos deu um espírito de medo, ele se concentra no Espírito que nos dá "poder, amor e moderação" (2 Timóteo 1:7). O espírito de poder produz bravura e a determinação necessária para enfrentar e suportar perigos e dificuldades. O espírito de amor alimenta o serviço sacrificial a Deus e à humanidade. Por fim, uma mente sadia cultiva o autocontrole, a vigilância e a verdade. Paulo não quer que o medo do homem ou o medo da morte impeça Timóteo de compartilhar o evangelho. No restante de 2 Timóteo, Paulo continua a preparar Timóteo para uma vida ousada e focada no evangelho.

Não devemos nos entregar a um espírito de medo. Quando nos concentramos em nossa ansiedade ou em nossa própria capacidade de obedecer e seguir a Cristo, o resultado é o medo e a timidez. Entregar-se ao Espírito que nos dá poder, amor e atenção nos redireciona e nos acalma. É somente por meio da força de Deus que podemos compartilhar o evangelho com ousadia, amor e precisão. Que nunca permitamos que o medo nos impeça de compartilhar o evangelho, mas que, em vez disso, confiemos em Deus para nos dar coragem!