Pergunta

A que enfermidade física Gálatas 4:13 está se referindo?

Resposta
Na carta do apóstolo Paulo aos Gálatas, ele menciona ter uma aflição física: "E vocês sabem que eu lhes preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física" (Gálatas 4:13). Outras traduções descrevem a sua enfermidade como uma "enfermidade da carne" (ACF) e uma "doença" (NVI). Além disso, Paulo se refere à sua aflição como "enfermidade na carne" em Gálatas 4:14 (NAA). Nem Gálatas nem qualquer outro livro da Bíblia identifica claramente a enfermidade de Paulo. No entanto, muitos estudiosos encontram razões para acreditar que pode ter sido uma visão deficiente.

Aqueles que acreditam que a enfermidade de Paulo era a falta de visão encontram evidências de apoio em outras partes de Gálatas, embora as conexões sejam bastante tênues. Primeiro, Paulo menciona que os gálatas lhe deram seus olhos como um ato de bondade: "O que aconteceu com a felicidade que vocês tinham? Porque posso dar testemunho de que, se fosse possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para me dar!" (Gálatas 4:15). Embora os defensores da interpretação da baixa visão reconheçam que a descrição de Paulo nesse versículo não é literal, eles sugerem que ele pode estar fazendo uma alusão figurativa à sua doença corporal. Aqueles que discordam desse ponto de vista argumentam que ele está simplesmente usando uma imagem verbal vívida (por exemplo, Mateus 18:29) para destacar a afeição dos gálatas por ele.

Uma segunda evidência que defende a teoria da visão deficiente vem na conclusão da carta, quando Paulo menciona o fato de escrever com letras grandes, possivelmente indicativo de problemas de visão: "Vede com que letras grandes vos escrevo de próprio punho" (Gálatas 6:11). Aqueles que discordam dessa interpretação sugerem que Paulo pode estar escrevendo com letras grandes para dar ênfase, ou possivelmente chamando a atenção para o momento em que ele parou de usar um amanuense (ou seja, um secretário de redação) a quem ele frequentemente ditava suas cartas (veja também 1 Coríntios 16:21; Colossenses 4:18).

Alguns defensores da interpretação da baixa visão citam a cegueira que Paulo experimentou em sua conversão como apoio: "Então Saulo se levantou do chão e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco" (Atos 9:8). No entanto, o contexto em Atos sugere que sua cegueira teve uma origem e um propósito sobrenaturais e foi apenas temporária (Atos 9:18). Portanto, é improvável que a enfermidade física de Paulo fosse um problema contínuo relacionado à sua experiência de conversão.

Há várias opiniões minoritárias sobre a enfermidade de Paulo. Alguns pais da igreja primitiva achavam que se tratava de enxaqueca. Alguns estudiosos modernos sugeriram epilepsia, um distúrbio neurológico que causa convulsões recorrentes. Essa condição teria desafiado significativamente os cuidadores no primeiro século. Para alguns, isso pode explicar o reconhecimento de Paulo de que os gálatas "não me trataram com desprezo nem desgosto" por causa de sua condição (Gálatas 4:14).

Outra opinião minoritária é que a enfermidade de Paulo era malária, uma doença transmitida por mosquitos que pode causar febre e até mesmo a morte em alguns casos. Essa explicação se baseia nos detalhes de Atos 13, que relata como Paulo chegou à Galácia na primeira viagem missionária. Paulo, viajando com Barnabé e Marcos, chegou à cidade de Perge, situada em uma área pantanosa na Panfília, onde a malária parece ter sido endêmica. Foi de Perge que Marcos abandonou a equipe (Atos 13:13), e uma doença que encontraram lá pode ter motivado sua partida. Se Paulo de fato contraiu malária nas planícies de Perge, sua mudança para Antioquia da Pisídia, na Galácia, foi sensata, já que Antioquia ficava a cerca de 3.600 pés de altitude em relação a Perge, e os mosquitos teriam sido menos ativos lá. No entanto, não há evidências de que a elevação da Galácia tenha sido um fator na permanência de Paulo lá. Presumivelmente, qualquer doença poderia tê-lo levado a fazer uma parada na região.

Outro ponto de vista é que a menção de Paulo à sua enfermidade era uma referência metafórica à perseguição em geral. Essa interpretação é consistente com a forma como alguns entendem sua descrição de ter um espinho na carne (2 Coríntios 12:7) como se referindo a cicatrizes, o efeito residual da perseguição. Entretanto, a palavra grega que Paulo usa, traduzida como "enfermidade" em Gálatas 4:13, refere-se claramente a uma aflição física no único outro versículo em que ele a usa (1 Timóteo 5:23). Além disso, os Evangelhos e os Atos usam a palavra exclusivamente em referência a doenças físicas (por exemplo, Mateus 8:17; João 5:5; Atos 28:9).

Em resumo, o ponto de vista majoritário de que a enfermidade de Paulo em Gálatas 4:13 era a falta de visão tem mais evidências de apoio do que outras explicações. Além disso, Paulo testificou que Deus trabalhou por meio de sua condição para pregar o evangelho aos gálatas. Sua enfermidade não poderia impedir o plano de Deus de usá-lo para fazer discípulos de todas as nações (Mateus 28:19-20), ilustrando a verdade de que Deus faz com que todas as coisas contribuam para o bem (Romanos 8:28).