Pergunta

Qual é o significado das cestas de figos em Jeremias 24?

Resposta
Depois de um dos ataques babilônicos a Jerusalém, Deus deu ao profeta Jeremias uma visão interessante: "O Senhor me mostrou dois cestos de figos postos diante do templo do Senhor. Isso aconteceu depois que Nabucodonosor, rei da Babilônia, levou para o cativeiro Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, as autoridades de Judá, os artífices e os ferreiros; ele os levou de Jerusalém à Babilônia. Um cesto tinha figos muito bons, como os figos do começo da colheita, mas o outro tinha figos ruins, que eram tão ruins que não se podiam comer" (Jeremias 24:1-2). Cada cesta de figos representava algo, como o Senhor deixa claro para Jeremias nos versículos seguintes.

Nabucodonosor, rei da Babilônia, invadiu Judá três vezes: em 605, 597 e 586 a.C. Na última dessas conquistas, Nabucodonosor destruiu Jerusalém e o templo, exilando todos os que ficaram. Durante a segunda invasão, Nabucodonosor levou o rei Joaquim (Jeconias) de Judá, artesãos e ferreiros. Foi quando Jeremias teve sua visão de dois cestos de figos em frente ao templo (Jeremias 24:1).

Os figos nos dois cestos eram de qualidade diferente. A primeira cesta era boa para comer, enquanto a segunda estava podre (Jeremias 24:2-3). Deus explicou a Jeremias que consideraria aqueles que foram para o cativeiro na Babilônia como os figos bons (Jeremias 24:5). Ele colocaria os Seus olhos sobre eles para o bem e um dia traria esse remanescente de volta à terra (Jeremias 24:6). Ele lhes daria um coração para conhecê-lo, e eles voltariam para Ele de todo o coração (Jeremias 24:7).

Em contraste com os figos bons, a cesta de figos ruins ilustrava a natureza daqueles que permaneceram em Jerusalém e daqueles que fugiram para o Egito (Jeremias 24:7-8). Esse grupo incluía o perverso rei Zedequias, que Nabucodonosor havia colocado no trono no lugar de Joaquim. Deus havia ordenado que todos fossem para o exílio para protegê-los do julgamento que estava por vir sobre a terra (Jeremias 21:8-10). Apesar da advertência misericordiosa de Deus, Zedequias, seus oficiais e muitos outros judeus se recusaram a obedecer a Deus e permaneceram na terra. Consequentemente, Deus anunciou que os destruiria completamente da terra por meio de espada, fome e pestilência (Jeremias 24:9-10). Eles eram os figos ruins. A Terra Prometida havia sido dada a seus antepassados, mas Deus determinou que essa geração em particular não desfrutaria mais de seu lar. Eles seriam removidos, e a bênção da terra seria dada a outra geração.

Depois de estabelecer o simbolismo dos cestos de figos em Jeremias 24, contrastando os obedientes e os rebeldes, Deus retorna ao tema em Jeremias 29. Partes da mensagem do profeta, escrita de Jerusalém para os exilados na Babilônia, eram terríveis: "Mas assim diz o Senhor a respeito do rei que se assenta no trono de Davi e de todo o povo que vive nesta cidade, os irmãos de vocês que não foram com vocês para o exílio. Assim diz o Senhor dos Exércitos: 'Eis que enviarei contra eles a espada, a fome e a peste e farei com que sejam como figos ruins, que são tão ruins que não se podem comer'" (Jeremias 29:16-17). A maldição de Deus estava sobre eles, e Ele explica o motivo: "Porque eles não deram ouvidos às minhas palavras, diz o Senhor, que sempre de novo lhes enviei por meio dos meus servos, os profetas. E vocês também não quiseram ouvir, diz o Senhor" (versículo 19).

Mesmo no julgamento, há misericórdia. O povo de Judá foi exilado na Babilônia por sua desobediência a Deus no passado, mas Deus protegeria misericordiosamente todos aqueles que obedeceram à Sua orientação de ir voluntariamente para o exílio. Eles eram os figos bons. Na verdade, em meio a esse julgamento, Deus faz uma bela promessa ao Seu povo: "Assim diz o Senhor: 'Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vocês e cumprirei a promessa que fiz a vocês, trazendo-os de volta a este lugar. Eu é que sei que pensamentos tenho a respeito de vocês, diz o Senhor. São pensamentos de paz e não de mal, para dar-lhes um futuro e uma esperança'" (Jeremias 29:10-11).

Jeremias 29 é um lembrete vívido de como Deus é longânimo. Embora o povo de Judá não merecesse ter outra chance, Deus estendeu a Sua misericórdia. Da mesma forma, nenhum de nós merece a Sua bondade. Todos nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados (Efésios 2:1) e éramos, por natureza, filhos da ira de Deus (Efésios 2:3). Mas Deus é rico em misericórdia e nos amou muito (Efésios 2:4). Ele nos permitiu ter vida em Jesus Cristo (Efésios 2:5). Por causa de Sua misericórdia e amor, somos salvos pela graça por meio da fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8-9).

Alguns leitores casuais das Escrituras podem pensar que o Deus do Antigo Testamento é um Deus de ira, enquanto o Deus do Novo Testamento é um Deus de graça. Entretanto, se simplesmente lermos o que Ele disse, veremos que Ele é o mesmo em ambas as épocas. Ele é santo e gracioso em toda a história. As duas cestas de figos em Jeremias 24 nos mostram dois princípios importantes e constantes sobre Deus. Primeiro, Ele é misericordioso e gracioso ao máximo. Ele sempre fornece um meio para que as pessoas recebam misericórdia. Segundo, Deus não comprometerá a Sua santidade. Se o caminho da misericórdia for ignorado, haverá consequências severas e inevitáveis. As cestas de figos em Jeremias 24 nos lembram que a misericórdia está disponível - uma misericórdia que sabemos hoje que vem pela graça por meio da fé em Jesus Cristo.