Pergunta

O fato de Jesus ser retratado em filmes viola o segundo mandamento?

Resposta
Vários filmes e programas de televisão retrataram Jesus. Essas aparições em filmes nem sempre são precisas. De fato, algumas são deliberadamente blasfemas. Outras parecem ser tentativas positivas e bem-intencionadas de representar sinceramente Cristo e Sua vida terrena. Essas representações são bíblicas? Elas são permitidas? Versões insultantes e depravadas de Jesus são obviamente pecaminosas. Alguns cristãos afirmam que qualquer representação de Jesus em um filme viola o segundo mandamento, que diz: "Não faça para você imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra" (Êxodo 20:4). No entanto, a lei em questão proíbe a idolatria de fato e as imagens destinadas à adoração imprópria (Êxodo 20:5). Ela não condenou toda forma de representação visual.

O termo-chave do segundo mandamento é a raiz hebraica pecel. Ela foi traduzida de forma famosa como "escultura". Essa frase em português sugere algo esculpido ou inscrito. Entretanto, pecel se refere a um objeto especificamente destinado à adoração: um ídolo (Êxodo 20:4). Outras esculturas, como as mencionadas em 1 Reis 6, usam termos hebraicos diferentes. O segundo mandamento continua falando sobre se curvar e adorar esses itens proibidos (Êxodo 20:5). Quando o termo visto nos Dez Mandamentos aparece em outra parte da Bíblia, ele está sempre ligado à idolatria e à adoração imprópria (por exemplo, Salmo 97:7; Isaías 42:17; Habacuque 2:18). Outras traduções em português de Êxodo 20:4 usam termos como "imagem esculpida" ou simplesmente "ídolo".

O texto completo do mandamento refere-se a imagens de qualquer coisa - espiritual ou física - usadas para fins de adoração. Se o mandamento proibisse todas as imagens possíveis de Jesus, ele proibiria representações de qualquer coisa por qualquer motivo. Quando o objeto não é o foco de orações, ofertas, veneração ou outras práticas espirituais, ele não é um ídolo. É claro que um objeto pode se tornar um ídolo, mesmo que não tenha sido feito com essa intenção (2 Reis 18:4). Mas as decorações do templo de Salomão (1 Reis 6:29, 32) e as figuras colocadas na arca da aliança (Êxodo 25:18) não eram o tipo de itens que estavam sendo proibidos. Isso significa que o segundo mandamento não proibiria todas as representações artísticas de Jesus.

No entanto, retratar Jesus em um filme traz preocupações. O cinema e a televisão capturam nossa atenção e exercem grande influência. Sem cuidado, os detalhes dessa mídia se tornam suposições, que se tornam tradições, que se tornam dogmas. Muitas das expectativas modernas sobre Jesus são motivadas por Sua representação em obras de arte. Algumas estão tão arraigadas que as pessoas podem se sentir ofendidas quando Jesus não é visualizado de forma estereotipada. Em contextos modernos, podemos nos sentir tentados a identificar um determinado ator em nossa mente como "o verdadeiro Jesus". Isso deixa alguns fiéis desconfortáveis, mesmo que eles próprios não sintam essa necessidade. Se ou quando o Jesus da tela agir de forma contrária à que o Cristo real teria agido, isso abre espaço para falsas crenças e mal-entendidos.

Dito isso, é possível que haja concepções errôneas por outros meios além do cinema. Jesus também pode ser mal representado na imprensa, na arte estática e, certamente, na pregação e na conversa (Gálatas 1:6). A Bíblia não proíbe todas as representações artísticas de Jesus. Como a Bíblia fornece apenas detalhes limitados sobre Sua vida plena e totalmente humana (João 21:25), somos livres para usar a "imaginação santificada" para especular. Os filmes de atores que retratam Cristo não são, em si, pecaminosos. Um exemplo específico pode ser profundamente e profanamente errado, mas, nesses casos, o pecado está na blasfêmia, não na imagem em si.