Pergunta
A ópera rock Jesus Cristo Superstar é bíblica?
Resposta
A ópera rock Jesus Cristo Superstar, de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, e o filme homônimo, dirigido por Norman Jewison, contam a história dos últimos dias de Jesus. O tema da ópera trata da fama e de como a popularidade pode enganar e corromper.
Pelo menos superficialmente, Jesus Cristo Superstar contém muitos elementos da narrativa bíblica: Jesus tem discípulos e ensina. Os sacerdotes Caifás e Anás, por inveja e medo, fomentam um plano para destruir Jesus. Maria Madalena e outras mulheres O servem. Judas planeja traí-Lo. Jesus entra em Jerusalém em meio a uma celebração, purifica o templo e faz uma refeição com Seus discípulos. Depois de orar em um jardim, Ele é preso, levado diante de vários oficiais e espancado. Pedro nega conhecer o Senhor, e Judas se enforca. Jesus é crucificado. Nada disso entra em conflito com o registro bíblico.
No entanto, após uma inspeção mais minuciosa, as falhas bíblicas de Jesus Cristo Superstar se tornam aparentes. Quando uma história é recontada, é necessário um certo grau de interpretação. As ideias, pressuposições e opiniões do autor são injetadas. Nessa recontagem da paixão de Jesus, o caráter e as motivações tanto de Jesus quanto de Judas são reimaginados e reinterpretados.
Judas tem a primeira música. Nela, ele reclama que Jesus foi apanhado por Sua própria fama e se enfurece com o fato de que Jesus não o ouve. Judas chama os seguidores de Jesus de "cegos", acusa-os de distorcer as palavras de Jesus e expressa o desejo de "tirar o mito do homem". Considerando que essas palavras vêm de Judas, podemos estar propensos a descartá-las como uma distorção de um vilão. No entanto, a insistência de que Jesus é "apenas um homem" é repetida mais tarde por Maria Madalena em uma das canções mais famosas da ópera, "Eu Não Sei Como Amá-lo".
Na cena seguinte, Judas se opõe à proximidade de Maria com Jesus. Ele adverte Jesus sobre o escândalo que ocorrerá se Jesus não for mais cuidadoso. Mais tarde, quando Maria unge Jesus, Judas se opõe novamente, lembrando a Jesus que a missão deles é para os pobres. A resposta de Jesus é que Judas deve "aproveitar o bem" enquanto o tem. Ao longo dessa cena, temos o contraste entre o fato de Maria dizer a Jesus para "fechar os olhos" e o fato de Judas tentar abrir os olhos de Jesus para as necessidades da sociedade; enquanto Maria canta "Relaxe", Judas pede para agir em favor dos pobres. Nenhuma menção é feita à ganância e ao roubo de Judas (João 12:6).
Quando Jesus entra em Jerusalém, há uma celebração por Ele ser uma "superestrela". É interessante notar que Jesus só monta no jumento por um curto período de tempo. Ao entrar na cidade, Ele caminha com a multidão até se sentar com algumas crianças. Além disso, ao contrário do relato bíblico, o louvor não é totalmente espontâneo. Em um determinado momento, Jesus inicia o canto e até ordena à multidão que "cante para mim as suas canções". Ele ensina brevemente sobre o Reino de Deus, dizendo: "Vocês podem conquistá-lo".
A cena seguinte mostra Jesus cercado por multidões que o adoram. Há uma menção à salvação e à crença em Deus enquanto a multidão oferece a Ele sua devoção e um reino. Judas o observa com repulsa e descrença. Jesus termina a celebração falando sobre a morte, que, segundo Ele, só pode ser vencida com a morte. Não há menção de Jesus como a Vida e nenhuma previsão de Sua ressurreição.
Em uma cena posterior, Jesus está cercado por pessoas que precisam de cura. Ninguém é curado; em vez disso, um Jesus sobrecarregado grita: "Vocês são muitos. Eu sou muito pouco. Deixem-me em paz!"
Quando Judas se reúne com o conselho judaico para trair Jesus, ele deixa claro que está apenas tentando "salvar" Jesus, que deixou sua própria popularidade sair do controle. Ele aceita de má vontade o dinheiro que lhe oferecem.
Durante a Última Ceia, os discípulos sonham com uma fama duradoura. Jesus acusa amargamente Seus discípulos de não se importarem com Ele: "Por tudo o que vocês querem saber, este vinho poderia ser o meu sangue! Por tudo o que vocês querem saber, este pão poderia ser o meu corpo!" Ele diz a eles que se lembrem Dele quando comerem, mas depois diz: "Devo estar louco, pensando que vocês se lembrarão de mim!" Judas sai para completar a traição, porque Jesus lhe diz que ele deve fazê-lo.
A oração de Jesus no jardim é muito reveladora. Ele admite que mudou, que não está mais inspirado. Agora Ele está apenas "triste e cansado". Depois de três anos tentando servir a Deus, Jesus perdeu Sua visão original. Pensando em se tornar um mártir, Jesus pergunta egoisticamente: "Serei mais notado? Qual será a minha recompensa?" Essa declaração contrasta diretamente com o altruísmo de Judas, que não queria uma recompensa por sua traição. No final de Sua oração, Jesus finalmente se submete ao plano de Deus - mais ou menos. A música termina com um equívoco: "Leve-me agora, antes que eu mude de ideia".
Quando Jesus é preso, Seus discípulos falam em lutar por Ele. Jesus os repreende com estas palavras: "De agora em diante, limitem-se a pescar". Isso é o mais próximo da Grande Comissão que a ópera já chegou.
Pilatos chama Jesus repetidamente de "Alguém Cristo", um nome que enfatiza o fato de que Jesus não é ninguém - um fato que Jesus está tentando desesperadamente mudar por meio de Seu martírio. Durante os vários julgamentos, Judas se mantém por perto, querendo ver o que vai acontecer. Judas então devolve o dinheiro aos sacerdotes, expressando novamente seu desejo de "salvar" Jesus.
Na segunda entrevista de Pilatos com Jesus, ele pergunta a Jesus se Ele é um rei. A resposta de Jesus é, na melhor das hipóteses, confusa: "Eu não tenho reino. Neste mundo, estou acabado. Talvez haja um reino para mim em algum lugar, se você soubesse" (veja em João 18:36-37 a resposta real de Jesus). Quando a multidão clama por Sua crucificação, Pilatos faz uma série de acusações contra Jesus: "Ele é louco, deveria estar preso... é um homenzinho triste, não é um rei ou um deus... é mal orientado, acha que é importante... um mártir mal orientado... um fantoche mal orientado". (O que Pilatos realmente disse foi: "Não encontro base para uma acusação contra ele" [João 18:38]).
Depois que Jesus é chicoteado, a música muda imediatamente (e significativamente) para o tema "Superstar". Essa é uma forma de dizer que o martírio começou e que Jesus conquistou Sua fama. Essa ideia é enfatizada na canção final de Judas, na qual ele menciona Buda e Maomé, mas diz que Jesus tem mais apelo por causa da forma como morreu. A ópera termina com a crucificação de Jesus. Não há ressurreição.
Para resumir o tema de Jesus Cristo Superstar, Jesus não era divino, mas era um homem fascinante e magnético de boas intenções que deixou as coisas saírem do controle. Dominado por Sua própria fama, Ele desejava voltar a uma vida mais simples e sincera, mas não conseguiu. Dos discípulos, apenas Judas reconheceu o que estava acontecendo. Ele odiava o que Jesus havia se tornado, mas ainda O amava e queria ajudá-Lo. Jesus só via uma saída para sua situação difícil: morrer como mártir; então, talvez alguns de seus bons ensinamentos pudessem ser lembrados.
É claro que isso não é bíblico. Jesus é mais do que apenas um homem; Ele é o Filho de Deus (João 10:30). Jesus nunca perdeu de vista Sua missão de buscar e salvar os perdidos (Lucas 19:10), o que exigiu Sua morte sacrificial na cruz como pagamento por nossos pecados (1 Pedro 3:18). Jesus não apenas morreu; Ele ressuscitou (1 Pedro 1:3).
Jesus Cristo Superstar é mais do que uma ópera popular que, por acaso, erra em alguns fatos. É uma tentativa de reescrever a história. Ela faz do traidor Judas Iscariotes uma vítima e reduz o Senhor Jesus Cristo a uma celebridade exausta que está passando dos limites.
Pelo menos superficialmente, Jesus Cristo Superstar contém muitos elementos da narrativa bíblica: Jesus tem discípulos e ensina. Os sacerdotes Caifás e Anás, por inveja e medo, fomentam um plano para destruir Jesus. Maria Madalena e outras mulheres O servem. Judas planeja traí-Lo. Jesus entra em Jerusalém em meio a uma celebração, purifica o templo e faz uma refeição com Seus discípulos. Depois de orar em um jardim, Ele é preso, levado diante de vários oficiais e espancado. Pedro nega conhecer o Senhor, e Judas se enforca. Jesus é crucificado. Nada disso entra em conflito com o registro bíblico.
No entanto, após uma inspeção mais minuciosa, as falhas bíblicas de Jesus Cristo Superstar se tornam aparentes. Quando uma história é recontada, é necessário um certo grau de interpretação. As ideias, pressuposições e opiniões do autor são injetadas. Nessa recontagem da paixão de Jesus, o caráter e as motivações tanto de Jesus quanto de Judas são reimaginados e reinterpretados.
Judas tem a primeira música. Nela, ele reclama que Jesus foi apanhado por Sua própria fama e se enfurece com o fato de que Jesus não o ouve. Judas chama os seguidores de Jesus de "cegos", acusa-os de distorcer as palavras de Jesus e expressa o desejo de "tirar o mito do homem". Considerando que essas palavras vêm de Judas, podemos estar propensos a descartá-las como uma distorção de um vilão. No entanto, a insistência de que Jesus é "apenas um homem" é repetida mais tarde por Maria Madalena em uma das canções mais famosas da ópera, "Eu Não Sei Como Amá-lo".
Na cena seguinte, Judas se opõe à proximidade de Maria com Jesus. Ele adverte Jesus sobre o escândalo que ocorrerá se Jesus não for mais cuidadoso. Mais tarde, quando Maria unge Jesus, Judas se opõe novamente, lembrando a Jesus que a missão deles é para os pobres. A resposta de Jesus é que Judas deve "aproveitar o bem" enquanto o tem. Ao longo dessa cena, temos o contraste entre o fato de Maria dizer a Jesus para "fechar os olhos" e o fato de Judas tentar abrir os olhos de Jesus para as necessidades da sociedade; enquanto Maria canta "Relaxe", Judas pede para agir em favor dos pobres. Nenhuma menção é feita à ganância e ao roubo de Judas (João 12:6).
Quando Jesus entra em Jerusalém, há uma celebração por Ele ser uma "superestrela". É interessante notar que Jesus só monta no jumento por um curto período de tempo. Ao entrar na cidade, Ele caminha com a multidão até se sentar com algumas crianças. Além disso, ao contrário do relato bíblico, o louvor não é totalmente espontâneo. Em um determinado momento, Jesus inicia o canto e até ordena à multidão que "cante para mim as suas canções". Ele ensina brevemente sobre o Reino de Deus, dizendo: "Vocês podem conquistá-lo".
A cena seguinte mostra Jesus cercado por multidões que o adoram. Há uma menção à salvação e à crença em Deus enquanto a multidão oferece a Ele sua devoção e um reino. Judas o observa com repulsa e descrença. Jesus termina a celebração falando sobre a morte, que, segundo Ele, só pode ser vencida com a morte. Não há menção de Jesus como a Vida e nenhuma previsão de Sua ressurreição.
Em uma cena posterior, Jesus está cercado por pessoas que precisam de cura. Ninguém é curado; em vez disso, um Jesus sobrecarregado grita: "Vocês são muitos. Eu sou muito pouco. Deixem-me em paz!"
Quando Judas se reúne com o conselho judaico para trair Jesus, ele deixa claro que está apenas tentando "salvar" Jesus, que deixou sua própria popularidade sair do controle. Ele aceita de má vontade o dinheiro que lhe oferecem.
Durante a Última Ceia, os discípulos sonham com uma fama duradoura. Jesus acusa amargamente Seus discípulos de não se importarem com Ele: "Por tudo o que vocês querem saber, este vinho poderia ser o meu sangue! Por tudo o que vocês querem saber, este pão poderia ser o meu corpo!" Ele diz a eles que se lembrem Dele quando comerem, mas depois diz: "Devo estar louco, pensando que vocês se lembrarão de mim!" Judas sai para completar a traição, porque Jesus lhe diz que ele deve fazê-lo.
A oração de Jesus no jardim é muito reveladora. Ele admite que mudou, que não está mais inspirado. Agora Ele está apenas "triste e cansado". Depois de três anos tentando servir a Deus, Jesus perdeu Sua visão original. Pensando em se tornar um mártir, Jesus pergunta egoisticamente: "Serei mais notado? Qual será a minha recompensa?" Essa declaração contrasta diretamente com o altruísmo de Judas, que não queria uma recompensa por sua traição. No final de Sua oração, Jesus finalmente se submete ao plano de Deus - mais ou menos. A música termina com um equívoco: "Leve-me agora, antes que eu mude de ideia".
Quando Jesus é preso, Seus discípulos falam em lutar por Ele. Jesus os repreende com estas palavras: "De agora em diante, limitem-se a pescar". Isso é o mais próximo da Grande Comissão que a ópera já chegou.
Pilatos chama Jesus repetidamente de "Alguém Cristo", um nome que enfatiza o fato de que Jesus não é ninguém - um fato que Jesus está tentando desesperadamente mudar por meio de Seu martírio. Durante os vários julgamentos, Judas se mantém por perto, querendo ver o que vai acontecer. Judas então devolve o dinheiro aos sacerdotes, expressando novamente seu desejo de "salvar" Jesus.
Na segunda entrevista de Pilatos com Jesus, ele pergunta a Jesus se Ele é um rei. A resposta de Jesus é, na melhor das hipóteses, confusa: "Eu não tenho reino. Neste mundo, estou acabado. Talvez haja um reino para mim em algum lugar, se você soubesse" (veja em João 18:36-37 a resposta real de Jesus). Quando a multidão clama por Sua crucificação, Pilatos faz uma série de acusações contra Jesus: "Ele é louco, deveria estar preso... é um homenzinho triste, não é um rei ou um deus... é mal orientado, acha que é importante... um mártir mal orientado... um fantoche mal orientado". (O que Pilatos realmente disse foi: "Não encontro base para uma acusação contra ele" [João 18:38]).
Depois que Jesus é chicoteado, a música muda imediatamente (e significativamente) para o tema "Superstar". Essa é uma forma de dizer que o martírio começou e que Jesus conquistou Sua fama. Essa ideia é enfatizada na canção final de Judas, na qual ele menciona Buda e Maomé, mas diz que Jesus tem mais apelo por causa da forma como morreu. A ópera termina com a crucificação de Jesus. Não há ressurreição.
Para resumir o tema de Jesus Cristo Superstar, Jesus não era divino, mas era um homem fascinante e magnético de boas intenções que deixou as coisas saírem do controle. Dominado por Sua própria fama, Ele desejava voltar a uma vida mais simples e sincera, mas não conseguiu. Dos discípulos, apenas Judas reconheceu o que estava acontecendo. Ele odiava o que Jesus havia se tornado, mas ainda O amava e queria ajudá-Lo. Jesus só via uma saída para sua situação difícil: morrer como mártir; então, talvez alguns de seus bons ensinamentos pudessem ser lembrados.
É claro que isso não é bíblico. Jesus é mais do que apenas um homem; Ele é o Filho de Deus (João 10:30). Jesus nunca perdeu de vista Sua missão de buscar e salvar os perdidos (Lucas 19:10), o que exigiu Sua morte sacrificial na cruz como pagamento por nossos pecados (1 Pedro 3:18). Jesus não apenas morreu; Ele ressuscitou (1 Pedro 1:3).
Jesus Cristo Superstar é mais do que uma ópera popular que, por acaso, erra em alguns fatos. É uma tentativa de reescrever a história. Ela faz do traidor Judas Iscariotes uma vítima e reduz o Senhor Jesus Cristo a uma celebridade exausta que está passando dos limites.