Pergunta
Quem foi Nicolau de Cusa?
Resposta
Nicolau de Cusa foi um teólogo, filósofo e matemático católico do século XV. Ele foi um importante líder da igreja que influenciou o Renascimento, um movimento cultural na Europa que promoveu o renascimento do aprendizado clássico. Dentro da teologia cristã, Nicolau é mais conhecido por ensinar uma doutrina que ele chamou de "ignorância erudita", que sustentava que reconhecer os limites do conhecimento de uma pessoa é o início do verdadeiro conhecimento de Deus.
Nicolau nasceu em 1401 na cidade de Kues (Cusa em latim), ao longo do rio Mosela, perto de Trier, no oeste da Alemanha. Sua família era rica em comparação com a maioria das pessoas da região. Naquela época, a área fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico, mas as tensões entre os líderes da igreja na Alemanha e o papa em Roma estavam crescendo. Essas tensões estão refletidas nos escritos de Nicolau.
Atualmente, os acadêmicos costumam associar Nicolau de Cusa ao humanismo renascentista. A palavra renascimento refere-se ao interesse renovado pelo aprendizado clássico. Os acadêmicos dessa época se concentraram em estudar e ensinar textos gregos e romanos antigos. A palavra humanismo, nesse contexto, enfatiza o foco no estudo das "humanidades", ou seja, história, literatura e filosofia.
Na teologia cristã, o legado de Nicolau de Cusa está centrado na doutrina da ignorância erudita. Ele ensinou que a forma mais elevada de conhecimento humano é reconhecer os limites do próprio entendimento. Assim, uma pessoa adquire sabedoria quando se torna consciente do que não sabe. Essa doutrina baseia-se na crença de que Deus é infinito e está além da compreensão humana. De acordo com a ignorância erudita, as pessoas só podem conhecer Deus verdadeiramente se admitirem que não podem conhecê-Lo plenamente.
Nicolau baseou a doutrina da ignorância instruída em passagens bíblicas que refletem o escopo da sabedoria de Deus e os limites da compreensão humana. Por exemplo, o apóstolo Paulo se maravilha com a infinita sabedoria de Deus: "Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão inexplicáveis são os seus juízos, e quão insondáveis são os seus caminhos!" (Romanos 11:33). Em outro lugar, Paulo enfatiza que mesmo possuir grande conhecimento ou discernimento não tem sentido sem amor. Ele escreve: "Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei" (1 Coríntios 13:2). Esses versículos apóiam a visão de Nicolau de que o conhecimento humano tem limites.
Outra parte importante do legado de Nicolau foi seu papel em aliviar as tensões entre a Igreja Católica Romana na Alemanha e o ofício do papa em Roma. Essas tensões chegaram ao auge durante o Concílio da Basiléia (1431-1449), que tinha como objetivo resolver questões de autoridade e sanar as divisões na igreja. Nicolau apoiou a opinião de que o papa tinha mais autoridade do que os concílios da igreja. Ele também trabalhou para unificar grupos divididos e incentivou os líderes locais na Alemanha a cooperar com o papado. Nicolau apoiou reformas durante o concílio e nos anos seguintes.
Nicolau morreu em 1464, após um período de doença, enquanto servia como cardeal na Itália. Nos séculos seguintes, seus escritos continuaram a influenciar a teologia, a filosofia e a ciência cristãs. Hoje, Nicolau de Cusa é conhecido como um pensador influente que afirmou o valor do conhecimento humano e, ao mesmo tempo, enfatizou seus limites. Seu legado ecoa as palavras de Isaías: "'Porque os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, e os caminhos de vocês não são os meus caminhos', diz o Senhor. 'Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos são mais altos do que os pensamentos de vocês'" (Isaías 55:8-9).
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