Pergunta
Como a morte de Jesus foi um sacrifício real se Ele sabia que ressuscitaria?
Resposta
O cristianismo ensina que Deus, em forma humana, se rebaixou a ponto de ser humilhado e assassinado por Suas próprias criações. Essa morte sacrificial abriu um caminho para a salvação para todo e qualquer um que confie em Jesus Cristo. Cristo foi para a morte conscientemente (Marcos 8:31), com pleno entendimento de que sofreria em uma cruz e que ressuscitaria da morte (Lucas 24:46). Como Jesus sabia o resultado final, alguns questionam se esse foi um sacrifício real. A morte de Jesus na cruz foi realmente um sacrifício, se Jesus tinha a garantia de que ressuscitaria da morte?
Aqueles que duvidam que a morte de Jesus foi um sacrifício real entendem mal o que aconteceu na cruz. O sacrifício de Cristo não se resumiu apenas a acabar com a vida de Seu corpo humano. Na verdade, o que aconteceu na cruz envolveu mais do que a interrupção de um batimento cardíaco. O sacrifício de Cristo também se deu em Seu sofrimento emocional (Isaías 53) e em um Deus onipotente e perfeito sendo torturado e humilhado por Suas próprias criações (Filipenses 2:6-8). Há um simbolismo poderoso e importante nos aspectos físicos da morte e ressurreição de Cristo, bem como um cumprimento da profecia. Mas há mais no sacrifício de Cristo do que "meramente" a morte e a ressurreição de um corpo físico, por mais monumentais que tenham sido esses eventos.
A restauração física não faz com que os eventos anteriores sejam menos sacrificantes ou traumáticos. O simples fato de saber que algo bom virá depois do ruim não torna o ruim menos doloroso. O fato de uma criança saber que ganhará sorvete após uma amigdalectomia não torna a cirurgia e suas consequências menos angustiantes e desconfortáveis. Em busca de paz, um homem forte pode permitir que um valentão cuspa nele e jogue comida em seu rosto. O corpo e as roupas podem ser facilmente limpos, mas isso não muda em nada a experiência de indignidade e vergonha. Não desprezamos o sacrifício das famílias de veteranos militares simplesmente porque seus entes queridos voltaram para casa. As vítimas de agressão sexual podem sofrer cura física, mas esse não é nem de longe o pior dano que sofreram.
O próprio Jesus usou a analogia de uma mulher em um parto para ilustrar a angústia que os discípulos sentiriam em Sua morte (João 16:20-22). Ele assegurou aos discípulos que a tristeza deles se transformaria em alegria; o resultado final valia o sofrimento temporário. Assim como uma mulher que dá à luz se concentra mais na alegria de seu filho recém-nascido do que na dor do parto, os discípulos se concentrariam na alegria da ressurreição de Cristo, apesar da dor anterior. É claro que, como muitas mães podem atestar, a alegria do parto não nega a dor e o sofrimento envolvidos no nascimento. Somente uma criança extremamente tola descartaria as dores de parto de uma mãe dizendo: "E daí? Você superou isso e me pegou!" A agonia da mãe era real, e essa realidade existe mesmo para as mães que estão totalmente confiantes de que o processo de parto terminará com alegria e saúde.
Suportar até mesmo insultos, indignidade e desrespeito momentâneos é um sacrifício por si só. Isso é verdade quando as vítimas são seres humanos finitos e pecadores, e o sacrifício é ampliado quando a vítima é o Filho de Deus, perfeito e sem pecado. Além da dor emocional causada pela injustiça, havia a dor física, algo que pode ser superado, mas não desfeito. A cruz foi um verdadeiro sacrifício porque Jesus a vivenciou da mesma forma que qualquer outro ser humano - embora Ele não fosse obrigado a estar lá e não merecesse estar lá.
Quando Cristo veio à Terra, Ele experimentou tudo o que os seres humanos normalmente experimentam. Isso incluiu os aspectos físicos (Mateus 4:2; João 4:6), espirituais (Hebreus 4:15) e emocionais (Mateus 26:37-39; João 11:33-35) da humanidade. Jesus sofreu a mesma angústia física e mental que qualquer um de nós sofreria na flagelação e na crucificação. A brutalidade de Sua morte não foi uma coisa fácil; a cruz não foi trivial para Cristo simplesmente porque Ele sabia que seria ressuscitado. O evangelho promete que todos os crentes serão ressuscitados (João 11:24; Atos 24:15; Apocalipse 20:6). Essa promessa não torna as despesas de uma vida terrena menos significativas ou sacrificiais (João 15:13).
Quando Jesus chegou ao túmulo de Lázaro, Ele chorou (João 11:35). Embora tivesse ido a Betânia sabendo que ressuscitaria Seu amigo (João 11:11-15), Jesus ainda expressou tristeza pela dor e pelo sofrimento que a situação havia causado. As escrituras falam de Deus enxugando nossas lágrimas na eternidade (Apocalipse 21:4), não nos dando amnésia. Todas as coisas serão corrigidas (Romanos 8:28) e todas as coisas serão renovadas (Apocalipse 21:5), mas Deus nunca sugere que o que experimentamos ou sentimos ao longo do caminho seja irrelevante. Saber que a bondade e a restauração nos aguardam nos dá grande determinação diante do sofrimento (Hebreus 12:2; Filipenses 2:8-9), mas a esperança não reduz a dor nem desvia os ferimentos.
A morte de Cristo foi uma expiação pelo pecado, e o sacrifício infinito de Deus, que se rebaixou, realizou essa expiação. Jesus sabia o que O aguardava - tanto na dor quanto na glória -, mas esse conhecimento não diminuiu Seu sofrimento. Ele estava tão emocionalmente abalado, lutando com Suas opções (Marcos 14:36), e Seu corpo estava tão quebrado e desfigurado (Salmo 22:14-18) como se Ele não fosse o Deus-Homem. A humanidade de Jesus recuou diante da ideia de sofrer na cruz, mas Ele sacrificou Sua vontade à do Pai (Lucas 22:42). A qualquer momento, Ele poderia ter pedido ajuda celestial, mas sacrificou Seus direitos para nos proporcionar a salvação (Mateus 26:53).
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