Pergunta
Cristo tem duas naturezas?
Resposta
A Bíblia não aborda explicitamente a questão de Jesus Cristo ter duas naturezas ou apenas uma. No entanto, como será explicado abaixo, entender que Cristo tem duas naturezas é a posição mais consistente do ponto de vista bíblico e teológico. A questão chegou ao auge na história da igreja quando os teólogos da igreja tentaram lidar e codificar as informações que o Novo Testamento fornece sobre Jesus.
De acordo com o Novo Testamento, Jesus é realmente um homem, nascido na raça humana, mas Ele também é totalmente Deus. João 1:1 afirma que a Palavra é Deus e, no versículo 14, vemos que a Palavra de que João está falando é Jesus, que assumiu a carne humana e "habitou" entre nós. Mateus e Lucas contam sobre o nascimento de Jesus da Virgem Maria e dão Sua linhagem humana. É difícil de entender e explicar, mas é isso que o Novo Testamento ensina. Jesus é Deus que entrou na raça humana como homem.
Alguns grupos tentaram explicar a natureza de Cristo dizendo que o divino "espírito de Cristo" veio sobre o homem Jesus. Os primeiros gnósticos diziam que o espírito de Cristo veio sobre Jesus em Seu batismo e O deixou na crucificação. Nesse cenário, pode parecer que Jesus tinha duas naturezas; no entanto, em um exame mais detalhado, esse não é o caso. O homem que as pessoas identificaram como Jesus seria, na verdade, duas pessoas compartilhando um corpo, e cada pessoa teria apenas uma natureza. Ele seria Jesus, o humano, e Cristo, o divino. Nesse cenário, Deus apenas parece entrar na raça humana, mas Ele não o faz de fato.
Outra maneira de tentar explicar os dados do Novo Testamento é dizer que Jesus Cristo era apenas uma pessoa E que Ele tinha apenas uma natureza. A dificuldade com essa explicação é que a Sua natureza seria uma espécie de amálgama de divino e humano. Ele não seria totalmente humano porque a natureza divina se misturou com a natureza humana, tornando-o algo mais do que humano. Ele não seria totalmente Deus porque a natureza humana se misturou com a natureza divina, tornando-O algo menos que divino. Vemos paralelos a essa ideia na mitologia grega e romana, onde um deus tem um filho com uma mulher humana. A prole é mais do que humana e menos do que um deus - um super-humano ou um semideus. Hércules era uma dessas pessoas, filho de Zeus e da mulher Alcmene.
Uma ilustração pode ser útil. Como a maioria das ilustrações, ela está longe de ser perfeita e não pode ser usada em todos os pontos. Suponhamos que um rei queira se identificar com os mais pobres de seu país. Uma maneira de fazer isso seria se disfarçar de mendigo e andar entre eles. No entanto, nessa situação, ele está apenas fingindo ser um mendigo; ele pode voltar para o castelo à noite e ainda tem todos os recursos de um rei. Por outro lado, o rei poderia renunciar ao seu trono, abrir mão de tudo e se tornar um mendigo. Mas, nesse caso, ele deixaria de ser um rei. Uma terceira opção é que ele poderia, por um tempo, abrir mão do uso de todos os seus recursos por um determinado período de tempo - digamos, 3 anos - sabendo que, ao final desse período, ele voltaria a ocupar o trono. Nessa última situação, ele é tanto um verdadeiro mendigo quanto um verdadeiro rei. Jesus se tornou homem, mas continuou sendo Deus.
A única maneira de explicar adequadamente os dados bíblicos é dizer que Jesus é uma Pessoa com duas naturezas - uma natureza humana e uma natureza divina. Ele é tanto Deus quanto Homem. Suas duas naturezas estão inseparavelmente unidas (não misturadas) no que os teólogos chamam de "união hipostática". O Novo Testamento afirma que Jesus Cristo, que andou na Terra, morreu em uma cruz e ressuscitou, era totalmente um membro da raça humana com uma natureza humana totalmente funcional (sem pecado). Ao mesmo tempo, Jesus era totalmente Deus. Ele se humilhou voluntariamente e abriu mão de Sua glória e do direito de usar Seus atributos divinos sem a direção de Deus, o Pai, mas nunca deixou de ser Deus. Jesus Cristo é totalmente homem e totalmente Deus - Ele tem a natureza de ambos. Ele é um homem, mas é mais do que isso; Ele também é Deus. Ele é Deus, mas sempre se uniu a uma natureza humana. Uma forma abreviada de expressar isso é referir-se a Jesus como o Homem-Deus. Ele é o Homem que também é Deus, e Ele é Deus que se tornou Homem.
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