Pergunta
O que são os Atos de João?
Resposta
Os Atos de João são um texto que afirma registrar as aventuras do apóstolo João durante os anos entre o ministério de Jesus e a morte do próprio João. Ele não deve ser confundido com o Apócrifo de João, uma obra separada, embora ambos os livros tenham sido completamente rejeitados como heresia pela igreja cristã primitiva. Assim como os outros Atos apócrifos, os Atos de João contêm fortes elementos gnósticos, milagres absurdamente sensacionais e detalhes escabrosos.
Os Atos de João provavelmente foram escritos no final do segundo século ou no início do terceiro século, mas atualmente existem apenas em fragmentos e citações de outros escritores. A maioria dos que citaram os Atos de João o fizeram apenas para condená-lo. O texto existente parece não ter uma introdução substancial. Esse conteúdo pode ter incluído uma reivindicação de autoria; o texto foi escrito a partir da perspectiva de alguém que estava viajando com João. Algumas referências antigas sugerem que o texto original completo dos Atos de João era tão longo quanto todo o Evangelho de Mateus.
O gnosticismo dá um forte sabor aos Atos de João, tanto em conteúdo quanto em caráter. O mundo físico é tratado como inerentemente mau. No final do livro, João até se deita voluntariamente em seu próprio túmulo, pronto para se livrar de uma forma física que ele chama de "loucura imunda". A sexualidade, mesmo dentro do casamento, é condenada, e o celibato absoluto é tido como um ideal.
O Docetismo, uma heresia que afirma que a forma terrena de Jesus era apenas uma ilusão, também está presente nos Atos de João. O texto afirma que Jesus nunca dormiu, nunca comeu, não deixou pegadas quando andou e só apareceu na cruz como uma ilusão. Diz-se que muitas dessas informações foram especial e secretamente transmitidas a João por Cristo - o conhecimento secreto também é um tema fundamental na religião gnóstica.
Assim como em muitos dos outros Atos Apócrifos, os Atos de João estão repletos de milagres bizarros e comicamente exagerados. Em um incidente, João ordena que percevejos incômodos deixem seu colchão, e os insetos são vistos mais tarde esperando pacientemente sua permissão para voltar.
Em outro episódio, João entra em conflito com um sacerdote e adoradores que o atacam por usar roupas da cor errada. João ameaça fazer com que Deus mate seus agressores, a menos que eles consigam convencer a divindade deles a matar João primeiro. Quando as pessoas reagem com medo, João reza para que o Templo de Ártemis desmorone, o que acontece, matando o sacerdote. Esse homem é ressuscitado mais tarde e se torna cristão. Essa é uma inclusão especialmente intrigante, já que o Templo de Ártemis em Éfeso ainda estava de pé na época em que os Atos de João foram escritos e permaneceu até várias décadas depois, quando foi destruído por invasores.
Em uma história especialmente chocante, João está presente em nada menos que três ressurreições em um curto espaço de tempo. De acordo com os Atos de João, uma mulher morre de desgosto por sua incrível beleza estar tentando os outros. Depois disso, um homem invade o túmulo dela, junto com um cúmplice, para se apossar de seu cadáver. O cúmplice é morto por uma serpente, que então prende o homem. João chega e ressuscita a mulher. Ele traz o homem de volta dos mortos apenas para lhe fazer perguntas. A mulher recebe então o poder - e a opção - de ressuscitar o cúmplice, o que ela faz. Infelizmente, esse homem não se arrepende e logo morre porque ainda tem veneno de cobra em seu sangue.
Essas histórias são comuns em obras gnósticas e heréticas. Conforme apresentado na Palavra de Deus, os verdadeiros milagres são extremamente raros, comunicam uma mensagem ou um propósito específico de Deus e, muitas vezes, são sutis. Em obras como Atos de João, os milagres são tratados como produto de poderes mágicos exercidos por super-heróis apostólicos.
A combinação de escrita tardia, conteúdo ridículo e heresia aberta contribuiu para a rejeição dos Atos de João pela igreja primitiva. Por causa de suas falhas, o texto não é especialmente útil para o estudo histórico. Seu único valor é demonstrar as alegações e características do pensamento gnóstico e docético dos séculos II e III.
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